A condição da mulher abordada em 6 filmes

Ana Paula Risson
Revista Subjetiva
Published in
5 min readJan 17, 2018
“Eu sou mais forte do que o medo” — Malala Yusafzai . Fonte: Pinterest.

O cinema é um ótimo dispositivo para nos aproximar e permitir reflexões. Assim, tentarei organizar uma pequena lista de filmes que abordam a condição da mulher em sociedades, de diversos lugares e tempos.

Escolhi esta imagem e frase de Malala Yusafzai por sua representatividade quando se trata da condição das mulheres em diferentes sociedades. É duro admitir isso, mas, em todas as sociedades, a mulher sempre ocupa um lugar de desvantagem se comparada ao homem. Mas, mesmo assim, em todas estas sociedades, há os coletivos organizados de pessoas (em sua grande maioria de mulheres) que lutam contra o poder hegemônico machista que oprime, discrimina, tortura e mata.

1. O apredrejamento de Soraya M. (The Stoning of Soraya M.) — 2008

É um drama iraniano, dirigido por Cyrus Nwwrasteh, baseado em uma história real e adaptado do livro do jornalista iraniano Freidoune Sahebjam. Trata-se da história de uma mulher condenada injustamente por infidelidade. Sua pena por este suposto crime, como o título sugere, é o apedrejamento em praça pública.

O filme está disponível no Youtube!

Minhas considerações: eu fiquei alguns dias impactada com o que havia assistido neste filme. Parecia não passar de um filme de ficção, mas não é. Mulheres de diversas nacionalidades ainda vivem sob regimes de tortura e repressão, com o crivo legítimo da igreja e do estado.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

2. Sonhos roubados — 2010

Filme brasileiro, dirigido por Sandra Werneck. Conta a história de três jovens mulheres da periferia do Rio de Janeiro. Jéssica, Daiane e Sabrina, personagens principais do filme, nos sinalizam como é a vida na periferia e de que estratégias precisam utilizar para viver nela.

O filme está disponível no Youtube!

Minhas considerações: sou fã deste filme, já usei ele em dois semestres em sala de aula. Utilizo este filme para discutir sobre políticas públicas no Brasil, considerando que seu pano de fundo é uma periferia em que jovens mulheres são as protagonistas. Além disso, o filme permite refletir sobre o tráfico de drogas, abuso sexual, relações familiares, sistema carcerário, prostituição, gravidez na adolescência, dentre outros. É comum ouvir de meus alunos que “não imaginava que era assim” ou “o contexto de vida justifica as escolhas das personagens”.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

3. Nise: o coração da loucura — 2015

Filme brasileiro, dirigido por Roberto Berliner. O filme conta parte da história da médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1905–1999) e, consequentemente, a triste realidade dos hospitais psiquiátricos em décadas passadas.

Filme disponível na Netflix e Google Play.

Minhas considerações: O que este filme tem haver com a condição da mulher na sociedade? Bem, tem tudo haver. Estamos falando de uma mulher, médica psiquiatria, que viveu em um período em que esta profissão era exercida em sua hegemonia por homens. Além disso, ela revolucionou o tratamento de pessoas em sofrimento mental, que até então eram tratados exclusivamente com técnicas desumanas. Hoje, Nise é considerada uma mulher a frente do seu tempo, mas na época em que se propôs a repensar a atenção à pessoas em sofrimento mental foi rechaçada por seus colegas de profissão.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

4. As sufragistas (Suffragette) — 2015

É um drama britânico, dirigido por Sarah Gavron, que conta um recorte do movimento feminista na luta pelo direito ao voto na Inglaterra. As lutas não se referiam apenas ao direito pelo voto, mas também, contra as condições de trabalho, ao assédio sexual, violência no contexto familiar e preconceitos.

O filme, na sua versão dublada, está disponível no Youtube!

Minhas considerações: eu não gostei do filme (não que isso importe algo). Mas, eu não gostei do filme porque esperava que ele fosse adentrar ou, então, dar continuidade a história do movimento sufragista. Quando achei que o filme estava na metade, acabou. Esta opinião pessoal em nada diminui o movimento sufragista. Entendo que o filme não abordou somente a luta pelo direito do voto, mas tratou da condição de vida daquelas mulheres, que sofriam assédio sexual e moral no trabalho, trabalhavam em condições precárias, foram afastadas de seus filhos, torturadas e perseguidas pelos militares.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

5. Histórias Cruzadas (The Help) — 2011

Filme americano, dirigido por Tate Taylor. Conta histórias de mulheres negras dos Estados Unidos, por volta da década de 1960.

O filme está disponível na Netflix.

Minhas considerações: as histórias das personagens apontam para o racismo que sofriam e sofrem as mulheres negras. Ainda, o filme mostra as estratégias de enfrentamento da repressão que sofriam, para cuidar dos filhos, sustentar a família e sobreviver.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

6. Flor do deserto (Desert flower) — 2009

Com direção de Sherry Hormann, o filme é baseado na história de vida de Warris Dirrie, uma mulher que com 13 anos de idade fugiu da Somália para não se casar com um homem de 60 anos (casamento arranjado). Viveu todos os tipos de violação de direitos, na Somália e em Londres.

O filme está disponível no Youtube.

Minhas considerações: este filme se aproxima da história contada em “O apedrejamento de Soraya M.”, no que se refere a condição de vida das mulheres do oriente. O filme denuncia a prática da mutilação genital, que ainda ocorre na Somália. A parte bela do filme, além das conquistas de Warris, foram as pessoas que ela encontrou pelo caminho, especialmente uma amiga e pessoa com quem dividiu apartamento. Encontrei muita sororidade nesta amizade. A fotografia do filme me encantou, achei lindo o jogo de cores com as cenas de Warris no deserto, nas ruas e na passarela.

Cartaz do filme. Fonte: Pinterest.

Espero que tenham gostado desta relação de filmes e que ela lhes seja útil, de alguma maneira. Façam-me outras sugestões nos comentários ou por e-mail: annarisson@gmail.com

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