A Criança Viada

A criança viada existe e não é uma criança sexualizada

Guilherme Aniceto
Revista Subjetiva

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Divulgação/Satander

Quando criança,
eu não sabia o que era
o sexo e as suas variâncias.
Eu não tinha noção de corpo,
dos falos ou dos lábios
ou das vozes que eles têm.
Mas eu sempre fui aquele menino
que não tinha amigos meninos,
porque os outros (meninos)
não queriam ser vistos
com a criança viada.
Eu tinha as amigas,
as meninas.
E eu sempre as admirei.
Por isso, eu era um menino iludido
pela admiração.
Eu amava as meninas nesse fluxo,
apaixonava-me pelas meninas
no refluxo;
mas os meninos sempre foram
os mais bonitos,
exceto quando me davam uma coça.
Nesses momentos
eu era a confusão.
A criança viada existia.
A criança viada existe.
A criança viada não é,
no entanto,
a criança sexualizada.
É a criança na contramão
da normatividade,
que constrói os seus próprios fluxos e refluxos
e, eventualmente,
deságua numa adolescência
de descobertas.

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Guilherme Aniceto
Revista Subjetiva

Escritor. LGBTQIAP+ (ele/dele). Poeta no portal Fazia Poesia. Contato pelo instagram @guilhermeaniceto ou pelo e-mail: guilhermefaniceto@gmail.com