A culpa ainda está entre as roupas da minha bagagem
De uma forma amarga e indesejada, como as lágrimas que escorrem pelo rosto e vão de encontro com os meus lábios, eu enfrento a situação de comentar sobre você com conhecidos e até desconhecidos que perguntam de nós.
Confesso que o tempo me trouxe uma determinada experiência e um script preparado para encarar esses momentos. Porém, cada vez que os meus batimentos cardíacos aceleram e a angústia dá as caras, o texto “ah, sim, ela é incrível. Não, não estamos mais juntos. E sim, tô bem!” que convence os outros, mas não a mim, desperta uma sensação de desconforto em cada pedaço do meu corpo.
E isso nem é sobre você ser incrível, pois é. E muito menos sobre a nossa continuidade pois ela já foi pausada. A inquietação é focada na minha afirmação de bem-estar: há quanto tempo espero a digestão desse sentimento de culpa que carrego? O tempo passa, as cidades e os rostos mudam, mas ainda enxergo essa culpabilidade entre as roupas da minha bagagem.