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A desinformação não tem mais dono
Li um livro bem legal chamado ‘Acredite, estou mentindo’ de Ryan Holiday. Nele temos uma das pessoas que estava dentro desse mundo de jornalismo 2.0 nos mostrando como ele funciona de verdade por debaixo dos panos. Como é algo que precisa de cliques e visualizações de páginas, acaba naturalmente precisando se otimizar para esse mundo, e assim começa a ser muito menos preciso do que o ideal.
Basicamente uma das atividades que Ryan tinha no seu trabalho era de manipular informações. Seja enviando um furo falso a determinado jornalista, ou realmente mudando a maneira como uma informação deveria ser encarada para determinados veículos de mídia. Um ás na hora de fazer com que o cliente conseguisse a repercução desejada sempre que possível.
Diferentemente do que temos aqui no Brasil, os veículos de mídia alternativa tem um grande papel dentro dos Estados Unidos. Blogs, sites e outras mídias não tão famosas como a CNN, por exemplo, são importantíssimos na hora do americano conseguir determinadas informações. E foi justamente nesse nicho que Ryan se focava na hora de tentar manipular e espalhar algo.
Só que, conforme ele trabalhava cada vez mais com isso, começou a entender que não necessariamente é preciso que alguém faça essa intermediação. Chegando a conclusão que nesse mundo de blogs a desinformação pode se espalhar mesmo quando ninguém a manipula conscientemente. O que, se formos olhar para o Brasil em 2021, é algo muito claro, não é?
Logicamente que existem algumas pessoas que fazem exatamente o que Ryan Holiday fazia nos EUA aqui. O chamado ‘gabinete do ódio’ dentro do congresso é um bom exemplo, e se você frequenta as redes sociais, sabe como eles ficaram mais calmos depois das investigações do STF. Mas o problema é que agora já é tarde demais.
Infelizmente já está cada vez mais claro que a desinformação simplesmente não precisa mais ter um dono. Pode-se jogar qualquer coisa dentro da internet e a mesma pode se espalhar até melhor do que quando alguém tenta isso de maneira consciente. Seja pelo whatsapp, o facebook ou twitter, toda e qualquer informação falsa pode ganhar o status de verdadeira caso se espalhe da maneira correta.
Não acho que isso va acabar tão cedo. Precisamos, nós mesmos, nos educar a procurar as fontes, a checar em outros lugares e a tentar cada vez mais identificar esse tipo de informação. Evitando ser guiados pela emoção de compartilhar algo absurdo, e checando tudo antes de qualquer coisa. Porque, se não, essa desinformação só vai continuar ganhando cada vez mais terreno, e piorando o nosso mundo que estamos fazendo tanto esforço para melhorar.
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