A Disputa do Desinteresse.

Sobre os relacionamentos atuais ou a inexistência deles.

Danilo H.
Revista Subjetiva

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O calor de uma noite de verão nos uniu no mesmo lugar, sobre as luzes tremeluzentes e ao som de uma bátida eletrônica prometemos um ao outro que estaríamos e, ao mesmo tempo, não estaríamos juntos.

Eu realmente tenho total interesse quando pergunto se você está bem, já você permanece impassível mesmo quando escuta um “Não tive um dia legal” de mim… Você responde que tudo ficará bem, contudo, nem sempre fica.

Vivo a minha vida e você a sua, porém sempre retornamos a nós mesmos em um dado momento, nós nos entendemos… Bem, eu te entendo e você gosta disso, mas você não sabe quase nada sobre mim. Você gosta que eu goste de ti, mas creio que você não gosta de mim.

Você realmente é o tipo de pessoa que passou do nível de desapegado há tempos, hoje não dá a mínima para nada a não ser para seu reflexo no espelho. Eu não costumava ser como você, entretanto estou a cada dia mais parecido contigo… Você realmente não se importa e eu finjo que não ligo para todas as coisas.

É tão genuíno o seu tom de voz, o modo de franzir o cenho e todas as suas atitudes (ou a ausência delas) que fico estático e assombrado, afinal, o que mais posso fazer?

Quando você está com os seus amigos ou no seu “ambiente seguro” sequer consegue me olhar nos olhos ou por vezes me notar, mas basta estarmos a quilômetros de distância para você me mandar uma mensagem perguntando como estou, sei como a noite vai terminar se eu te responder.

Tenho puro conhecimento que seus lençóis estão ensopados com outros suores, seu quarto possui uma ou outra peça de roupa que não te pertence. Não estou te pedindo para jogar tudo pelos ombros por minha causa, mas pense bem… Existe um “nós”?

A única certeza que tenho é que somos aquilo que não é e talvez esse seja o grande problema, nós vamos nos embolando nesse novelo que chamamos de “amizade” até o dia que você cansar de não se importar e aparecer por aí com uma aliança no dedo anelar direito, porque esse é um dos seus personagens: “o dedicado e carinhoso ocasional”.

E eu? Como fico? Exato… Não fico.

Já tentei ser igual a você mas falhei impiedosamente, não consigo não sentir ou fingir que não há nada abaixo da minha pele, todavia sigo na tentativa de fingir que eu não sinto esse desinteresse escancarado.

Às vezes acordo mais cedo e fico te olhando enquanto dorme, nesse momento você é tão frágil e compassivo, mas basta abrir os olhos para eu sentir seu desconforto, você detesta que alguém te olhe como ser humano.

O que mais tenho que te dar? Aliás, tenho que te dar algo? Isso não deveria ser uma troca?

Eu não gostaria de ser a pessoa que se importa…
Eu gostaria muito de não te achar interessante ou de não sentir tesão quando vejo suas fotos ou presencio o momento que você sorri e preenche o vazio do ambiente.

Se fosse assim essa não seria minha história e você não seria você.
Péssimo.
Eu sei.

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Danilo H.
Revista Subjetiva

Aqui eu escrevo sobre desconfortos, alegrias e sobre nós.