“A gente aceita o amor que merece”, então devemos nos ver como dignos do amor

Carol Correia
Revista Subjetiva
Published in
3 min readMay 2, 2017

Por muito tempo eu não sabia que eu poderia ser amada.

Na adolescência, acreditava fielmente que o máximo de atenção que eu poderia receber fosse para algum coleguinha copiar minha tarefa ou rir de mim ou de alguma piada sem noção que eu contasse.

No final da adolescência, quase todas as minhas amigas tinham historias e historias de romance — e eu continuava a ser a amiga da garota que todo mundo achava linda. Como eu internalizei a inferioridade que alguns me tratavam, eu que já era introvertida — fiquei ainda mais invisível.

No inicio da vida adulta, eu era completamente e absolutamente inocente devido a total de zero experiências.

E não era que eu não quisesse me envolver com ninguém, mas eu não aparentava ser a opção de ninguém.

Eu podia ser a dupla na hora da prova, mas parceira de dança? Jamais.

De qualquer forma, como eu não atraía ninguém — foquei nos estudos (o que eu altamente recomendo para todas! Acumular capital cultural nunca é suficiente).

Em algum momento da vida adulta, eu me tornei atraente para alguns… Não era exatamente “mulher para namorar” e se envolver como se gente eu fosse — eu era “pra fuder”. O que era curioso, pois era mais virgem que azeite extra virgem!

De qualquer forma, como eu não sabia como era ser tratada bem; aquela atenção eu recebi como se carinho fosse. Amor, até…

Até eu ser realmente bem tratada, eu aceitava migalhas e os considerava por demais. Oras, eu não me via como digna de nada, quiçá de ser amada. Qualquer atenção que recebesse eu via como demais pra alguém como eu…

E após essa breve exposição de minha vida, gostaria de dizer algumas coisas:

É triste sentir que está presa nesse ciclo de rejeição, como se não houvesse nenhuma saída e que você merece isso, que você fez algo ou que é pra ser assim. Merece não ser amada do jeito que você quer ser amada ou do jeito que você quer amar.

É insuportável se dizer frequentemente para não se apegar a ninguém, porque crê que daqui a pouco, todos te deixarão. Afinal, você crê que tem algo tão quebrado em você que eventualmente destruirá todos que te tocarem.

É insuportável fingir que você não se importa com isso — quando isso te magoa com certa regularidade.

É insuportável porque todos parecem ser bem tranquilos em relação a encontrar um novo amor ou um novo rolé — e você continua sozinha.

Vão te dizer que o amor vai te encontrar quando você se amar, que um amor vai aparecer em sua vida quando você menos esperar. Mas muito provavelmente não é assim que acontece. Você pode se amar e ainda nada te acontecer.

Mas saiba que você merece ser amada, amada do jeito certo, merece um amor tranquilo, um amor que te deixe certa de que é amada… E isso ainda pode acontecer. Só porque ainda não aconteceu não significa que nunca irá acontecer.

Você merece ser amada — nunca se esqueça disso. Por pior que a solidão que você está sentindo seja — você merece ser amada e pode ser amada; não há nada de errado contigo.

Você, com todas as palavras, é maravilhosa. Então, jamais aceite migalhas.

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Carol Correia
Revista Subjetiva

uma coleção de traduções e textos sobre feminismo, cultura do estupro e racismo (em maior parte). email: carolcorreia21@yahoo.com.br