Sertão da Paraíba

A Graúna e o Carcará

Cumade
Revista Subjetiva

--

Conta-se assim
Lá dos tempos de antigamente
Quando a Graúna era a rainha
Dos cantos e da ladainha

E o Carcará também por dono
Dividia todo o ouro
Do azul deste recôncavo

Serpenteavam as montanhas
Com as asas num só bando
E o canto ecoava
Do sertão ao firmamento

Foi do homem toda a culpa
De armar a emboscada
O Livre Arbítrio entendeu,
Trouxe a conta da navalha

A ganância foi tamanha, cega luz do ouro prata
Fez calar o belo canto, fez da Graúna enjeitada
E o Carcará emudeceu, pela ira tresloucada
Foi-se o azul deste recôncavo
Foi-se o branco desta mata

E por fim vai macular
E enterrar só a mortalha
Não restará nem as penas
Para contar esta desgraça

Restará porém a poesia, entre as pedras, encravada
Das estrelas do ingá sob a lua tresmalhada
A profecia das malocas
Nunca antes encontrada

Só o punho da mulher, findará a empeleitada
Mulher mãe do fim do mundo
Levantará a sua faca
Santa mãe das nossas matas
Lumiará com sua prata
Finda o tempo desta mácula
Finda o choro da navalha

De vergonha o homem acanha
Por sua ganância desvairada
Se arrepia pelo canto da Graúna ressuscitada
Que acorda o Carcará e apaga esta marca

Mãe da mata se renova, no recôncavo se ampara
Chove ouro em forma d’água
Uma nova alvorada
A Graúna e o Carcará,
retornam ao trono da mata

Gostou? Clique nos aplausos — eles vão até 50 — e deixe seu comentário

Segue a gente no Twitter e no Instagram

Veja a última edição da nossa revista digital

Participe do nosso grupo oficial no Facebook

Colabore conosco

--

--