A Graúna e o Carcará
Conta-se assim
Lá dos tempos de antigamente
Quando a Graúna era a rainha
Dos cantos e da ladainha
E o Carcará também por dono
Dividia todo o ouro
Do azul deste recôncavo
Serpenteavam as montanhas
Com as asas num só bando
E o canto ecoava
Do sertão ao firmamento
Foi do homem toda a culpa
De armar a emboscada
O Livre Arbítrio entendeu,
Trouxe a conta da navalha
A ganância foi tamanha, cega luz do ouro prata
Fez calar o belo canto, fez da Graúna enjeitada
E o Carcará emudeceu, pela ira tresloucada
Foi-se o azul deste recôncavo
Foi-se o branco desta mata
E por fim vai macular
E enterrar só a mortalha
Não restará nem as penas
Para contar esta desgraça
Restará porém a poesia, entre as pedras, encravada
Das estrelas do ingá sob a lua tresmalhada
A profecia das malocas
Nunca antes encontrada
Só o punho da mulher, findará a empeleitada
Mulher mãe do fim do mundo
Levantará a sua faca
Santa mãe das nossas matas
Lumiará com sua prata
Finda o tempo desta mácula
Finda o choro da navalha
De vergonha o homem acanha
Por sua ganância desvairada
Se arrepia pelo canto da Graúna ressuscitada
Que acorda o Carcará e apaga esta marca
Mãe da mata se renova, no recôncavo se ampara
Chove ouro em forma d’água
Uma nova alvorada
A Graúna e o Carcará,
retornam ao trono da mata
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