A Nuvem de Maria Carolina

Uma fábula sobre a liberdade.

iogoch
Revista Subjetiva
3 min readApr 15, 2017

--

Frank W. Benson Painting

Maria Carolina tinha uma face estranha e olhos muito sinceros. Estava na cobertura — no parapeito do edifício — olhando a imensidão da cidade cinza. Estava cansada, mas no fundo sabia que não tinha nada para temer, pois iria encontrar seu lugar na terra onde as tristezas transformam-se em estrelas. Então respirou fundo e se deixou cair rápida e livremente, sentindo nos ventos que a primavera estava próxima.

“Agora renascemos livres” ela gritava para os pássaros “agora sopramos em toda parte!”

De repente, estava sobre a textura maternal de uma nuvem acolhedora e macia. A nuvem disse que gostaria de conhecer o mundo terreno, e em troca permitiria a Maria Carolina viver com os céus. Assim, ambas voaram pela cidade observando as armas e as flores dos homens: seus sonhos e prisões, suas dores e esperanças… E viram tanto, que Maria Carolina passou a entristecer, pedindo que a nuvem parasse:

“Por que está triste?” perguntou a nuvem.

“Todos se parecem tanto comigo… Não quero mais o céu, agora que o possuo. Quero minha humanidade outra vez” Respondeu, com um olhar melancólico.

“Mas tudo tem um preço” disse a nuvem surpresa.

“Esqueça desse mundo ao qual pertenço, ele não foi feito para a leveza das nuvens. Precisamos de vocês acima de nós. Mas se quiser, todos os dias eu me sentarei em um canto, esperarei e ficarei observando o céu. Assim, poderei cantar canções para você sobre as coisas daqui!”, respondeu a menina.

O acordo foi feito e, por mais que parecesse estupidez, Maria Carolina sabia que, sem o céu acima dela, não havia como seguir esperançosa na terra. Amava os céus, mas amava porque sabia que era impossível apanhar suas estrelas.

“A terra está afundando em sua cova. Mas se você estiver sendo levada também, não te deixarei na multidão: emprestarei minha névoa, e te levarei para meu lugar no infinito.” Disse por fim a nuvem, na tentativa de consolá-la. Assim Maria Carolina consentiu e, por algum motivo, entendia melhor o sentido de tudo.

Já estava de noite quando um menininho observava a lua de sua janela e vira Maria Carolina descendo das estrelas. Ele não entendia bem o que era, mas ainda sim fez um pedido. Depois disso foi dormir, e no fundo de si sabia que iria renascer, bem como Maria Carolina, no sonho de sentir-se livre.

Cloud Composition — Ken Bushe

Gostou? Não se vá, crie sua conta no Medium, nos siga e tenha muito mais textos na palma da mão!

Ah, e não se esqueça de clicar no❤ e um comentário contando pra gente o que você achou.

Se quiser ficar por dentro de tudo que rola aqui, siga nossas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

--

--

iogoch
Revista Subjetiva

oi você estudante de Jornalismo insta: @iogochirola