A Revolução será feminista

Mar
Revista Subjetiva
Published in
4 min readAug 8, 2018

O Brasil vive diante de uma construção histórica, cultural, econômica e política que define espaços, papéis e relações na sociedade, sempre de forma hierárquica, desigual e injusta, é impossível não perceber a influência desse modelo normatizador e hegemônico no que se refere à classificação entre os seres humanos a partir de seu gênero.

A sociedade brasileira é marcada por um arranjo heteronormativo, masculino e eurocêntrico que implica numa relação de subordinação e opressão feminina, que se destacou principalmente no ano de 2016, quando o país sofreu o golpe de Impeachment, da então primeira presidente mulher, eleita pelo voto popular, Dilma Rousseff.

Impeachment de Dilma Rousseff

Nesse momento pudemos perceber a grande dicotomia existente na questão de gênero e o quanto ainda vivemos numa sociedade extremamente sexista, feita pelos e para os homens, e para eles não seria coerente ver mulheres ocupando espaços que até então era de predominância masculina.

O mandato da Presidenta foi repleto de discursos machistas, ela foi considerada muitas vezes por “louca” e “desiquilibrada”, um registro marcante nesse sentido é que (ironicamente) no dia 01 de abril de 2016, a IstoÉ lançou a capa de uma de suas edições onde em sua imagem, aparece Dilma Rousself , aparentemente gritando, com a seguinte manchete “As Explosões Nervosas da Presidente”.

O artigo descreve supostas ações emotivas que indicam uma presidente “fora de si”, como se não bastasse à crise política que já estávamos passando, a mídia ainda reproduz a nível nacional o estereótipo machista e preconceituoso, que faz crer a muitos que agora íamos ter que lidar com uma mulher descontrolada para coordenar o nosso executivo, sendo assim reafirmam que mulheres não servem para fazer política, já que são, supostamente, emotivas e irracionais.

Enquanto mulheres são estereotipadas como “loucas e histéricas”, os homens que têm as mesmas reações de uma mulher são estereotipados como “duros e calculistas”.

Na matéria, os colunistas, conseguem até diagnosticar o estágio da doença de Dilma, fazem uso irresponsável de nomes de medicamentos para justificar os supostos surtos da presidenta.

Se pessoas comuns, que não são especialistas em psiquiatria, ficam chocadas com o teor do texto, imagino o quanto Foucault, naquele momento, se revira no caixão.

Nessa perspectiva, entendemos que se a mulher foge do segmento que os homens denominam por correto, como por exemplo: dóceis, amáveis, gentis e submissas; assim como Dilma, nós, mulheres, vamos ser tachadas por “loucas” também. Esse é o adjetivo mais comum usado por homens que não estão preparados para lidarem com mulheres firmes e indomáveis.

O patriarcado continua com seus privilégios e ocupam cargos de gestão e administração, simplesmente porque, na construção cultural, são vistos como melhores líderes, já mulheres são o tempo todo subordinadas a condições inferiores.

Todo o processo de ocupação de mulheres em espaços públicos e todos os seus avanços foram alcançados por intermédio de reivindicações e lutas por direito de igualdade, por essa razão devemos saber que é indispensável a participação ativa de mulheres na construção da democracia, é com nossa atuação que firmamos cada vez mais nossas raízes e elevamos nossa voz aos quatro quantos do mundo, para que percebam que existimos, resistimos e que nossa luta precisa ser reconhecida por todos, para que assim, juntas, possamos ocupar cada vez mais os espaços de poder, que também são nossos por direito.

Estamos em 2018, em pleno período eleitoral, onde a maioria dos partidos já estabeleceram seus candidatos, então nós, como sociedade ativa e participante, precisamos buscar conhecer a trajetória de cada candidato, em especial, as candidatas, ver de perto suas propostas e analisarmos suas campanhas para que possamos mudar o número de mulheres ocupantes nos espaços públicos.

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