A revolução silenciosa do Emicida

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
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2 min readFeb 4, 2022
Direitos de Imagem: Laboratório Fantasma

Esses dias me peguei escutando Doozikabraba e a Revolução Silenciosa, depois de, sei lá, Amarelo rodar em looping na minha cabeça. Spotify tá aí, compartilhando comigo os dados e me dando razão de como Amarelo permeou meus pensamentos nesses últimos dois anos.

Doozikabraba tava ali, logo após Pra quem já mordeu cachorro… e Emicídio, naquele aproveitamento de 100% no quesito lançar um álbum por ano.

Dei play, bora lá ouvir algumas centenas de vezes (já vai ficando esperto com as estatísticas Spotify). Meia hora e você mata ele todo. Talvez até estranhe, uma vez que, se for levar em consideração os álbuns que o precede, ele parece algo um pouco mais íntimo.

Spoiler.

Ele é.

Ainda mais se pensar que, depois dele, temos um intervalo um pouco maior para o próximo, que não à toa se chama O Glorioso Retorno de quem nunca esteve aqui.

Tá legal, mas do que se trata Doozikabraba e a Revolução Silenciosa?

Emicida tá ali, refletindo as glórias e as dores de ter chegado onde chegou por conta dos corres. É uma reflexão que não à toa começa com a Shiiiiu!, carregando pensamentos sobre o desafio de “ser tão real que vão acabar achando que é de mentira”.

Assim ele dá um tempo para olhar pra trás e venerar aquilo que o trouxe até então, sem nunca deixar de se posicionar frente aqueles que tão sempre aí para embaçar o rolê, pique Moleque Atrevido, “respeita quem pode chegar onde a gente chegou”.

É ligar o gravador, trocar aquela ideia como quem não quer nada consigo mesmo. Daí tem todo aquele lance de sorte, por ele ter compartilhado essa ideia com a gente.

Nesse exato momento, bem quando escrevo esse parágrafo, toca “Canção para os meus amigos mortos” com a voz da Paola no refrão:

Realmente o tempo voa
E pensa, zoa, zoa, zoa
Nem deu pra se despedir
E a dor ecoa na gente
Resta seguir?

Três minutos que atingem o peito. Dá pra sentir as dores e imaginar o que vem pela frente em “Sorrisos e Lágrimas”, que encerra o seu EP.

Não poderia existir título mais certeiro que esse. Com o lendário Rael, a caneta pesa com a visão sobre a vida. Ela te deu lhe deu ambos, sem nem pedir a sua opinião. E já que as lágrimas e sorrisos sãos seus, ninguém nunca poderá tirá-los de você.

A música vai diminuindo o volume conforme chega ao fim. Aos pouquinhos. E o EP acaba. A conversa com si mesmo termina.

Agora é hora de seguir em frente e praticar a revolução de si, que em sua maioria das vezes, costuma ser silenciosa.

Tamo junto.

Rafael Moreno

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