A união que sustenta a ausência

Carol Rosa
Revista Subjetiva
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2 min readFeb 14, 2022
Photo by Diana Polekhina on Unsplash

E é a certeza do retorno que nos faz suportar a ausência.

Os primeiros anos de vida se caracterizam como uma fase extremamente particular em nossa existência, na qual uma ausência longa demais pode definir muita coisa no que se refere à nossa segurança (tanto emocional quanto física), além, até mesmo, à nossa sobrevivência.

Somos quase uma extensão daquela (ou daquele) que nos cria, totalmente fadados a depender de seus cuidados (ou falta deles).

No início, a necessidade dessa presença é tão grande que a simples desaparição de tal pessoa do nosso campo de visão é o suficiente para nos desestabilizar. Fazendo-nos sentir desamparados.

No entanto, a repetição gera confiabilidade. É por isso que, depois de muito vai e vem, a gente finalmente aprende que ela (ele) vai sempre voltar.

E é a certeza desse retorno que nos faz suportar a ausência.

Nesse processo, aprendemos sobre autonomia, confiança e independência. Porém, isso não acontece porque somos deixados sozinhos, mas sim porque somos amparados quando há presença.

É a segurança gerada através desse vínculo que nos fortalece quando não há ninguém por perto.

Assim, ao cuidarmos de uma criança, não estamos apenas a cuidando, mas lhe ensinando como ela deve se cuidar. E, o mais importante, a ensinamos que ela merece esse cuidado.

Nesse sentido, quando acolhemos seus sentimentos, por exemplo, estamos lhe mostrando que o que ela sente é válido e merece atenção. Quando a alimentamos, estamos deixando claro que aquela sensação significa necessidade de comida. Quando somos presentes, promovemos confiança, que se perpetua para os momentos em que não estivermos por perto.

E esse laço vai definir quem essa criança será para o resto da vida, uma vez que todas as suas relações a partir daí refletirão o que foi aprendido e sentido nos primeiros contatos com as figuras de afeto do início da sua existência.

A gente nunca perde esse laço. Seja ele seguro e bem amarrado ou frouxo e quase caindo, de qualquer modo, ele nos acompanhará durante todo o tempo e nos servirá de exemplo para criarmos outros laços, com outras pessoas.

Alguém disse uma vez que “a infância é o chão que a gente pisa a vida inteira”. Por isso, às vezes vale a pena dar uma olhada para baixo, conhecer onde estamos pisando, de onde viemos e para onde estamos indo. Assim, poderemos ser mais cuidadosos ao ensinarmos outros pequenos a andar pela vida, evitando que os nossos calos venham a se tornar seus ferimentos também.

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Carol Rosa
Revista Subjetiva

Amante da escrita e viciada em buscar novos olhares para o que já foi visto.