Ada Lovelace

Alan Turing e Outubro

#GoplanThinking
Revista Subjetiva
4 min readOct 21, 2017

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Nos últimos anos o nome de Alan Turing ganhou maior notoriedade pelo filme hollywoodiano “The Imitation Game” ou “O jogo da Imitação” de 2014. Matemático, lógico, criptoanalista e cientista da computação britânico, Alan pode trabalhar para agência de inteligência britânica “MI6” durante a segunda grande guerra (1939–1945), tendo influenciado diretamente no período sangrento desta batalha. A época, Turing foi responsável por descriptografar códigos nazistas e, consequentemente, os aliados britânicos puderam se anteceder a alguns ataques e liquidar seus rivais com ajuda da agência MI6.

Nascido em 1912, Alan Turing sucedeu Augusta Ada Byron, conhecida como Condessa de Lovelace (1815–1852) ou Ada Lovelace, cuja contribuição a ciência só foi reconhecida anos após sua morte. Ada Lovelace estudou matemática e ciências por insistência de sua mãe com seus professores, e mostrou notório talento com números (segundo seu professor na Universidade de Londres), a contribuição mais comentada no campo da ciência é sua participação em artigo sobre the difference engine (“Note on the application of machinery to the computation of astronomical and mathematical tables”, 1822) publicado por Charles Babbage, em que escreveu comentários sobre o funcionamento da máquina de cálculos polinomiais.

A máquina de Charles Babbage (acima) recebeu o primeiro algoritmo da história, escrito por Ada (Fonte)

Todos aqueles que já puderam ter contanto com loops durante alguns cálculos matemáticos, saibam que esses “comentários” de Ada Lovelace foram os precursores da programação moderna, sem os quais, o avanço tecnológico tardaria. Por isso, é considerada a primeira programadora da história.

A máquina proposta por Babbage e Lovelace não foi construída durante o período de vida da pioneira, no entanto, em 1982, uma linguagem de programação estruturada ganhou o nome “Ada” em sua homenagem.

De forma aumentar a divulgação de seus feitos, foi criado em 2009 o “Ada Lovelace Day” (ALD), cuja celebração acontece toda segunda terça-feira de outubro (2017, foi dia 10), e são lembrados seu legado e de outras cientistas mulheres, além de incentivar maior participação feminina na ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, em inglês).

Em 2013, organizações promoveram eventos em vários países como maratona de programação, edição de artigos no Wikipedia, e revisão/tradução de artigos científicos, tudo seguido da devida divulgação e identificação das autoras/revisoras. Essa tradição é mantida até hoje e como não poderia faltar, em 2017, houve em Curitiba oficina de Python, mesa redonda e exposição de ilustrações.

Apesar da data comemorativa, as maiores empresas de tecnologia do mundo não tem grande representatividade feminina: O Facebook emprega apenas 17% de mulheres na área tecnológica, enquanto Google 19%, Twitter 16% e Microsoft 17%. Em parte dessas empresas, mais que 50% dos funcionários são do sexo feminino, ou seja, as mulheres em sua maioria não estão alocadas no eixo tecnológico.

Assim como os tímidos eventos do ALD, em 2017, até o momento, são poucos os debates sobre a baixa inserção feminina e há poucas ações que propõem mudar essa realidade. Por qual motivo as mulheres escolhem preferencialmente outras formações? Ou, por que o quadro de funcionários das maiores empresas produtoras de tecnologia tem discutível presença feminina?

Temo pelo dia que a participação seja até menor que hoje, seja pelas ideias ultra conservadoras que brotam pelo mundo e colocam as mulheres de volta pra suas casas com saias no calcanhar; seja pela remuneração relativamente menor em relação aos homens que ocupam as mesmas funções, somado ao crescente custo de vida e gastos com cuidados necessários aos filhos em creches, que as vezes consome o salário mensal; seja pela falta de prestígio ou estímulo sofrido pela grande maioria da comunidade científica, em especial no Brasil.

Assim como Turing sofreu homofobia, época em que o preconceito atormentava mais que a revolução tecnológica que ele mesmo promoveu, os avanços promovidos pelas mulheres em tempos de machismo esbarram na prepotência daqueles que ignoram a capacidade Delas.

Aguardo o dia em que será amplamente divulgado o legado de Ada Lovelace, seja através de filme ou livro, série ou jornal, o importante é fazer chegar a cada ouvido e olhos, assim tornar maior a participação feminina nas grandes e pequenas empresas de tecnologia, permitir que se identifiquem mais com STEM e possam ser mais atraídas e recompensadas por seus resultados;

Aos poucos, estão aparecendo ícones femininos da história no ramo científico, seja por resultado do ALD ou não, que as histórias sejam cada vez mais exploradas e tragam a público a revolução que promoveram e, por fim, espantem ideias retrógradas. Assim conseguirem o principal: Desenvolvimento científico! Isso faz a sociedade mudar e prosperar.

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