Anitta e a militância midiática

Uma opinião sincera sobre o discurso fraco de Anitta a respeito do assassinato da vereadora Marielle Franco

Grazie S
Revista Subjetiva
Published in
4 min readMar 22, 2018

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No dia 14 de março, a vereadora Marielle Franco, junto de seu motorista, foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro. Não foi em meio a um assalto. Não foi uma bala perdida. Foi uma execução. Foi um “cala a boca” definitivo para Marielle, que era uma militante ativa e lutava em meio a política porca brasileira pelas causas que defendia.

Eu não escrevi sobre Marielle. Discuti o assunto com amigos próximos, mas não comentei sobre Marielle em minhas redes sociais, por dois motivos: o primeiro sendo a minha incapacidade de colocar em palavras minha indignação. E o segundo, sendo ele a razão pela qual escrevo isso agora antes de focar no motivo deste texto, porque eu não sou ninguém “na fila do pão". Eu não tenho alcance midiático. Eu não tenho milhares de seguidores. Eu escrevo e publico meus textos? Sim. Mas qual o alcance que eles tem? Talvez não chegue a 1% do alcance da Anitta. Então foi “ok” meu silêncio sobre a morte de Marielle. E seria “ok” o silêncio de Anitta sobre o assunto, se ela não tivesse vendido sua imagem como defensora dos direitos das mulheres, pobres e de periferia. Tudo o que Marielle era e defendia.

A declaração de Anitta sobre o assassinato de Marielle foi péssima, para não dizer ridícula. Ela deixou bem claro para todos que estavam cobrando sua posição, que a militância dela é apenas o suficiente para lhe render lucro. Ao se posicionar dizendo que não importava se Marielle era “de direita, de esquerda, de frente, de costas” ela ignorou totalmente o motivo pelo qual Marielle foi assassinada. Marielle foi assassinada por ser de esquerda. Por ser mulher. Por ser negra. De periferia. Pobre. E por lutar pelas pessoas que eram exatamente como ela. Marielle morreu por isso. E Anitta ignorar tudo isso, só mostra o quanto a militância dela é fraca.

Mas tudo bem. Não existe uma militância correta. Não existe uma porcentagem do quão militante alguém deve ser. As pessoas lutam pelo que acreditam. Mas Anitta não acredita em nada disso.

O clipe de “Vai Malandra” mostrou a realidade da periferia? Sim. Mas o quanto ela lucrou com isso? Ela não vem se destacando na grande mídia desde que se “assumiu” militante? Não foi a falha da selfie com a Rihanna que rendeu sorte para ela. Foi assumir uma luta, da qual no fundo, ela não acredita. Eu ainda lembro das declarações dela no programa Altas Horas, onde Pitty deu uma lição (linda de se ver) nas frases machistas dela. Eu ainda lembro do casamento dela com um homem com histórico de agressão contra a ex namorada.

Para mim, a militância de Anitta não passa de publicidade. Dá dinheiro ser feminista. Dá dinheiro lutar pelas minorias. Dá dinheiro ser militante.

Em um mundo onde tudo é comercializado, não existe limite na comercialização de ideais. Anitta não é militante. Ela assume causas que vão lhe proporcionar visualizações e destaques na mídia, e por consequência, dinheiro. E por este motivo, o discurso de Anitta sobre Marielle foi fraco. Ridículo. Ofensivo. Foi ofensivo por ser tão raso e estúpido, ao falar da morte de uma mulher que deu a vida por seus ideais.

Cobrar uma posição de Anitta só serviu para nos mostrar que ela não tem os mesmos ideais que nós. Não serve para nos representar. Não lutamos pela mesma causa, como Marielle lutou.

Marielle vai permanecer presente daqui três meses. E não vai ser pelo discurso de Anitta. Vai ser porque ela morreu por causas que nós também acreditamos. Podem ter calado Marielle, mas não podem apagar a nossa memória. Ela continuará a inspirar e a motivar nossa luta por um futuro melhor.

Marielle, presente!

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