Ausência Abstrata
Hoje eu só tenho ausência, em algum outro momento eu tentei te explicar a sutil diferença entre saudade e ausência. Agora, depois de ter perdido a principal peça do meu eu interior — ou exterior — preciso achar um substantivo abstrato novo. “Substantivo” é toda a palavra que designa ser, coisa ou substancia. Substantivo abstrato é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestar ou existir. Retirando o significado da palavra ‘substantivo’ do ‘substantivo abstrato’ sobra o ‘abstrato’ e é exatamente isso que a saudade ou/e ausência vem arrancando do meu ser.
Abstrato, seres que dependem de outros para existir.
Eu sou alguém, ou algo. Eu sou alguém que precisei de outro alguém pra nascer, e esse alguém que me deu a vida também precisou de alguém e no final é um ciclo vicioso. A vida nos dá tudo, a vida nos dá alguém para nos dar a vida, a vida só não ensina o porque a gente é obrigado a perder quem nos deu. E quando acaba aquela filosofia que o homem nos ensina que tudo nasce, cresce e morre chega a Ausência, Saudade e Abstrato.
- Ausência ocupa espaço, tempo, cabeça e faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê “sadio”.
- Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa vai embora. Seria muito simples acenar um ‘tchau’ e contentar-se com as memórias, com o passado. Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai.
- Abstrato é aquilo que sem você não é capacitado para viver.
Uma conclusão menos MARIANA de ser: Ausência Abstrata — a perda de alguém significantemente necessária para a existência de um ser real, a perda total de todo o equilíbrio interior ou exterior de uma pessoa comum;
A cabeça, o tempo e o espaço ocupado por uma pessoa que nunca pode mais estar ali, e por mais que você creia em uma vida após a morte ou no seu Deus, a incerteza de que aquela passagem de vida é real aumenta seu grau de sofrimento mesmo crendo fielmente nisso, que fácil seria se nossas crenças nos desse a certeza absoluta de uma vida na eternidade, todos nós viveríamos sem limites, afinal a dor acaba no ato de morrer e Eva finalmente supre alguns quebrados da sua culpa.
Todos dizem que descrever a dor da perda de um filho para uma mãe é indescritível. Na verdade não é, a gente só não tem força o suficiente pra descrever e assim como você que foi contagiado pela história e chorou com o final de Titanic e A culpa é das estrelas, também choraria com a perda de uma mãe. A diferença é que a história é real, não é um filme e a dor te contagia.
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