Banho de chuva

Às vezes é preciso sair de casa, respirar ar puro, pensar. E tomar chuva.

Regiane Folter
Revista Subjetiva

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Ao menos hoje foi assim. Tomar chuva, pensar, quase chorar. Quase. Já havia água demais caindo do céu em mim, molhando a roupa, invadindo o tênis, empapando meu cabelo. Falando assim parece ruim, mas não foi. A chuva refrescou meu humor pesado. Tomei banho de chuva e me senti melhor. Fria, molhada e melhor. Viva.

Depois, me sacudi como fazem os dogs e ri da minha bobeira. Agora, prestes a ver um filme e me perder por duas horas na névoa de uma história que não é minha, sei que vou me sentir quase curada. Para completar, só faltava escrever.

A chuva e um filminho são velhos companheiros de dias cinzas, de momentos de incerteza, raiva ou tristeza. Há algo na água e nas histórias alheias que me ajudam a lavar o pranto e rejuvenescer as ideias. Apagar dores, suavizar o que antes parecia eterno. Limpar um pouco o que está carregado. Fazer eu me sentir menos infeliz.

Não sei como me ajuda isso de andar debaixo de um dilúvio. Assim como não sei como de repente me pego pensando na vida e me sentindo presa a situações que não posso controlar. Mas as coisas são como são, e tanto a alegria como a tristeza surgem quando bem entendem. É preciso aceitá-las e aprender a lidar com ambas.

Muitas vezes eu administro mal minha irritação. Minhas partes mais feias aparecem em momentos de raiva e me cansei de ser esse Hulk incontrolável. Por isso, primeiro busco o choque de realidade com a água fria da chuva. Depois, quero acalanto com um filminho. Minha receita pra deixar a raiva de lado ao invés de alimentá-la. Apaziguar e só depois atuar. Ainda não sei bem o que vou fazer, mas sei que estou no caminho certo.

Agora vou me secar, dar play no filme e respirar fundo.

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros