“Bumblebee” faz um exemplar da série Transformers enfim valer a pena

Andressa Faria de Almeida
Revista Subjetiva
Published in
5 min readDec 21, 2018

Bumblebee” é verdadeiramente encantador e meu Deus, como é chocante dizer isso sobre o sexto filme da franquia Transformers, que sempre lançou obras que me causavam verdadeiro pavor graças às suas enormes deficiências e exageros mais do que absurdos!

Nesse exemplar tudo funciona muito bem, fazendo com que o desenho dos robôs gigantes que se transformam em veículos finalmente seja honrado no cinema, o que deve ser uma ótima notícia para quem realmente é fã da saga! Veja a seguir a minha crítica detalhada sobre essa obra, que é realmente ótima!

“Bumblebee” ganha de seus percursores em tudo, mas principalmente no roteiro e na direção

Como eu disse previamente “Bumblebee” ganha de seus antecessores de lavada em vários quesitos, mas é no seu roteiro e na sua direção que ele se destaca de fato e por direito. A história foi escrita por Christina Hodson, que nos premia com um enredo bem amarradinho, contando a seguinte situação: B-127 (voz de Dylan O’Brien) vem se refugiar na Terra depois que os Decepticons reprimem as rebeliões dos Autobots em seu planeta. Após uma chegada um tanto quanto atabalhoada e problemática ele perde a sua capacidade de falar e acaba se disfarçando como um fusca, sendo esquecido por muito tempo em um ferro velho no interior da Califórnia.

É lá que a jovem Charlie (Hailee Steinfeld) o encontra, em meio ao luto que está passando pela perda do pai. Tentando superar o quadro de uma vez por todas ela pega o carro completamente acabado afim de transforma-lo em seu símbolo de liberdade, mas descobre que naquela carcaça envelhecida e enferrujada se esconde um grande amigo. É a partir desse encontro que eles se conectam e se aliam para salvar o mundo da ameaça dos Decepticons, que decidem não apenas destruir os Autobots aqui escondidos, mas também exterminar todo o nosso planeta!

Vamos combinar que só a sinopse já é bem melhor do que a de todos os Transformers anteriores juntos, mas o seu desenvolvimento também é muito tocante. A construção da relação dos dois personagens principais é muito crível, mesmo um deles sendo um robô em alguns momentos e um fusca em outros (e já adianto que em todos Bumblebee tem personalidade, tem expressão e tem voz, o que é muito interessante e empolgante). Do outro lado, temos uma adolescente revoltada com a morte prematura de seu melhor amigo e maior incentivador, sendo a ovelha negra da família por isso e encontrando em B-127 um parceiro para lidar com o trauma e com a vida, que nunca é fácil quando temos 18 anos!

Falando nela, é interessante dizer que de toda a franquia em questão esse é o primeiro filme que coloca uma garota como a protagonista. Aqui é um rapaz que corre atrás de Charlie e não o contrário, e eles não engatam um romance, algo que normalmente seria esperado pelo público. Além disso, é óbvio que ela resolve muitos dos seus problemas com a ajuda do Bumblebee, claro , mas acaba salvando-o em todos os atos do longa, e essa escolha tão acertada e tão atual funciona como uma verdadeira redenção para um universo que se acostumou a ser excessivamente machista e opressor!

Talvez todas essas transformações se deem porque essa película foi dirigida pelo Travis Knight! Sim, dessa vez o diretor não foi o Michael Bay, e é notório como isso fez bem ao filme em todos os sentidos! Às vezes por melhor que seja o profissional ele não funciona bem em certos projetos, e de fato o trabalho de Bay na série só fazia ela soar cada vez mais dispensável e datada, mesmo com as bilheterias seguindo altas a cada lançamento.

Knight consegue desenvolver um longa cheio de camadas e muito bem equilibrado. Aqui temos ação, que é o foco principal da franquia, lógico, mas também humor e drama dosados de forma muito agradável e leve, sem jamais perder a propriedade e o poder de convencimento por isso. Aliás, as cenas onde a porradaria acontece são compreensíveis dessa vez e nós conseguimos sacar tudo que está rolando em todo o quadro! Esqueça de uma vez por todas aquelas explosões sem sentido e os estouros impossíveis de entender. Aqui tudo é muito bem orquestrado, e falo não só das emoções, mas também do que é produzido com os efeitos digitais, que são incrivelmente sensacionais!

Trilha sonora dá um banho de nostalgia e atuações trazem mais brilho a franquia

Um dos méritos desses efeitos, a propósito, é tornar o Bumblebee um personagem que nos gera empatia logo de cara. Ainda no início do longa, quando ele é incapaz de falar de maneira funcional vemos o seu gestual, o seu jeito de ser e a sua maneira de existir de forma muito clara e isso nos emociona, ainda que saibamos que ele não existe de verdade.

O trabalho de Hailee Steinfeld também é fundamental nesse sentido, e isso não dá mesmo para negar. Ela atuou boa parte das suas cenas ao lado de objetos inanimados e ainda assim nos faz confiar plenamente nos seus sentimentos pelo B-127! É desse jeito que nos vemos incapazes de não adorar esse robô amarelo divertido, atrapalhado e extremamente doce, e desejar uma sequência da sua história pessoal é algo que provavelmente vai acontecer com você também!

Por fim, a atmosfera oitentista construída no filme colabora igualmente para nos mergulhar em um mar de nostalgia e de emoção. Os objetos da época estão ali, como por exemplo o rádio despertador e a televisão de tubo. As músicas também, óbvio, e somos inundados por canções de medalhões da década, como Smiths, Duran Duran, A-HA, Simple Minds e Tears for Fears! Até os tons da paleta de cores tocam às nossas memórias, e o azul e o verde que se apropriam da maior da fotografia provavelmente remetem às lembranças de muita gente que for assistir ao longa!

Bumblebee” é realmente imperdível, não só por ser disparado o melhor filme da série Transformers, mas também por ser humano, engraçado, empolgante e por nos encher de saudade de tempos maravilhosos que não voltam mais! Tomara que a franquia siga se inspirando no que há de melhor nas décadas antigas, mas mantenha seus enredos no nosso século!

Aproveite que a estreia é no Natal (pelo menos aqui no Brasil) e vá no cinema para ver com quem você mais gosta! É um longa excelente para assistir ao lado de quem a gente mais ama, com certeza!

Nota: 8,0

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