Carta de sobrevivência ao amor solitário

Denise Maliska
Revista Subjetiva
Published in
2 min readApr 9, 2021

Sinto falta de partes de mim, amando sem poder completar, e onde tudo se dissipou por razões vazias que entristecem até o pior dos estados mentais.

Eu havia encontrado o amor verdadeiro, desses que duvidamos em ser real, e de tão diferente, se torna simples quando acontece. Não esperamos nada, não sabemos nada, e nem criamos expectativa, somente sentimos junto ao outro, pelo outro. Uma parte nossa busca o entendimento para a alteridade no próximo, ao qual se torna nosso amor genuíno.

Se perco a essa pessoa, perco a uma parte de mim.

Foi negado, nocauteado e maltratado, pobre coração desonrado.
Essa minha parte interna, que por razões tão desconhecidas se tornaram esmeras e fúteis num buraco agônico de maldade. Meus olhos reluzem o que sou, impossível fugir disso. Que os outros tentem, e assim acabem por descobrir que amar o outro é o maior desafio do mundo, e ao mesmo tempo o estado mais natural da natureza.

A sociedade odeia amar, luta constantemente para que um encontro de pessoas antigas não aconteça, e pode haver todos os motivos que forem, o principal é o impedimento de que isso se concretize. As pessoas detestam ver o amor puro acontecendo, sentem dor, raiva e o próprio medo de estar bem pela própria carne. O ego é o mais triste dos fins humanos, e gera toda a futilidade emocional que deprecia poucos vivaces corações.

Sou uma rebelde mulher num mundo que me impede de amar pelas suas prisões toscas. Pela social prisão que não quer me ver amando, pela material prisão que não aceita me ver deixando de produzir para amar, pela vaidosa prisão que não admite que a beleza seja crua e feliz, pela religiosa prisão que não admite uma mulher amando com sua voz ativa. Por todas as toscas prisões que me impedem de viver esse amor, pela social prisão que coloca uma barreira contra o outro, pela invejosa prisão que odeia o amor exatamente por não amar-se. Pela interessada prisão que apenas quer manipular a todos.

Eu estou de luto por não conseguir amar uma parte de mim que agora morreu, e dói muito mais por saber que assassinaram a nós dois. E esse papo de que vai passar, não resolve profundidades tão intensas e sólidas como a que carrego. Mataram, por tantas prisões, onde você não soube se libertar, e eu não lutar para te encontrar. Somos dois covardes se amando a distância e definhando numa mediocridade pelo vazio que ficou.

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Denise Maliska
Revista Subjetiva

Escritora e poetisa. Escrevo, linhas, devaneios e tudo o que me resta. Sem mais descrições.