Confissões

Mariana Miranda
Revista Subjetiva
Published in
2 min readJan 27, 2020
John William Godward (Londres,1861–1922)

Confesso pra mim mesma
Que hoje fugi da minha solidão
Fugi pra mesa de um bar
Em mais uma tentativa vã
De colocar os pensamentos no lugar

O caos externo me alcança
Já tão acostumada com essas danças
Que a vida dá
O me resta é embriagar um pouco mais a mente
Tentativas falhas de entender o que sente
Decifrando os sinais que o universo me traz
Aqui jaz,
O resquício de sanidade que havia em mim
O que será daqui pra frente?

Tentando entender tanta maldade no coração dessa gente
E no meu,
No meu é mais difícil de lidar
Pedindo ajuda de mãinha pra não surtar
E cair no meu próprio esquecimento
Quem hoje em dia consegue olhar pra si
E dizer o que há ali dentro
Eu entendo
Os fatos são falhos
E a verdade inconstante
Tentando me conectar com esse instante
Me perco de novo
Será que volto a me encontrar?

Onde será que eu vou estar amanhã
Quanto tempo o tempo vai durar
Até estar tudo em seu lugar
Eu te digo
Eu olho a rua aflito
Esperando pra ver aonde tudo isso irá chegar

Hoje eu fugi da minha solidão
Ou será que a encarei de frente?
Tudo muda tão de repente
E cá estou encarando minha existência falha
A vida vem e me bate na cara
Eu caio e me levanto
Porque a cara de espanto
Achou que eu ia me matar?

Eu tenho necessidade de externalizar meus sentimentos
É que quase nunca eles cabem aqui dentro
E eu sinto que vou transbordar
Se eu não os colocar
Pra andar um pouco lá fora

O céu é denso
A bondade é pouca
O raciocínio as vezes fica lento
E eu vou transbordar
Você me escuta?

A gente normalmente fica com fama de maluca
Mas não é assim que vai ficar.

--

--