COVID 19, convite para 2020

Nathália Coelho
Revista Subjetiva
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2 min readMar 18, 2020
Divulgação/Pixabay

Microscópico e invisível, paralisou um planeta.
Não tem rosto nem voz, mas obrigou quarentena interior.
Silenciou o espetáculo. Esvaziou as cartas que usamos para não encarar a nós mesmos.
Fez olhar primeiro. Não tocar.
Armas de fogo não podem matá-lo. Nem as fronteiras impedi-lo.
Sorrateiro, o inimigo te deixou nu: De classes, crenças, visões ideológicas. Ele só viu sua raça humana. Coisa que a gente esqueceu. Anterior aos adereços sócio-culturais, você sou eu e vice versa. Ninguém tem sangue azul.
A força não é dos músculos, das fardas, do poder. É obra de uma silenciosa ação a sagacidade de destronar:
Autoridades. Controles. Certezas. Sistemas "infalíveis".
O inimigo escancarou ilusões, tão humanas, tão pequenas.
Mostrou o real tamanho de teorias das conspirações.
E retomou - indiretamente - o lugar da ciência.
O inimigo usou elevador privativo. Chegou de avião. Passou pela porta principal no saguão das Very Important People. E não se intimidou pela conta bancária nem pelo "mercado".
Sem luz, iluminou a ignorância e a paranoia.
Sem gritar, escancarou a insensatez do egoísmo e da arrogância.
Te fez parar, no mundo que é de correr.
Esse inimigo pelo avesso amigo de nos forçar a pensar que privilégios não são direitos tampouco superioridade...
Esse inimigo pelo avesso amigo de nos forçar a entender que respirar é coisa mais complexa que o movimento mecânico dos pulmões. Sim, nós temos pulmões!
Esse inimigo pelo avesso amigo de nos forçar a compreender que o invisível é muito mais poderoso e misterioso que o seu Tomé interno possa acreditar.
Passemos esse período tentando aprender. Aprender é antídoto para o medo! (Nathália Coelho)

Não saia. Lave as mãos. Passe álcool em gel.

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Nathália Coelho
Revista Subjetiva

Jornalista. Professora. Escritora. Dra em Literatura (UnB). Um monte de coisa, enfim, um tanto de nada… https://www.instagram.com/@_nathaliacoelho