Dê uma chance a Dragon Ball Super

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
4 min readJul 27, 2022

A máxima “não vi, não gostei” costuma ocorrer com mais frequência do que imaginamos.

Usamos dela quando “mexem naquilo que é nosso”.

Como saída, apontamos suas falhas para enaltecermos o que vivemos em um passado. Uma defesa calorosa acompanhado do receio em anular tudo o que percorremos ao longo da infância.

Não poderíamos ser mais egoístas.

Qual o sentido de proteger tanto esse sentimento, a ponto de não deixarmos que uma nova geração experimente a mesma sensação que nós?

Encaramos como “falta de respeito” a natural mudança de geração, nos tornando aqueles ranzinzas e mente fechadas que um dia juramos não ser.

Onde fomos nos meter hein?

Sabe qual é o pior? Se eu te contar que passamos uma mudança tão grande quanto a presente geração, hein?

Talvez não sejamos tão diferentes assim.

A palavra chave é recomeço.

Tudo se trata de recomeços

Em sua essência, Dragon Ball (Z, GT e Super) sempre se tratou de recomeços. Não a toa, você consegue identificar quando uma fase se encerra e a seguinte se inicia.

O salto mais gritante foi do DB para DBZ. Explico.

Akira Toriyama torna Raditz seu porta voz para nos falar que, a partir de agora, tudo será novo.

Quando fomos perceber, tínhamos um Goku loiro enfrentando um tal de Freeza em um planeta chamado Namekuseijin!

Quando imaginaríamos a Bulma construindo uma nave para explorar outro planeta?

Em DB rodamos o mundo. DBZ nos deu a oportunidade de irmos a outros planetas. DBGT nos presenteou com uma exploração pelo universo.

O que DB Super teria para nós?

Se o título do último episódio da luta entre Goku e Boo era “Goku é o homem mais forte do Universo”, DB Super tinha como difícil tarefa inverter essa lógica. Mas como?

Simples. Goku é sim o homem mais forte do universo. Mas do Universo Sete.

Então Akira Toriyama nos visita novamente como Bills, em A Batalha dos Deuses.

A partir de agora temos Anjos, Deuses da Destruição e doze universos para desbravar.

De repente, um novo começo.

Os cabelos coloridos me fazem refletir

É preciso seguir em frente, mesmo que para isso, tenhamos que deixar algumas coisas para trás. Afinal de contas, agora precisamos nos preocupar com doze universos.

Com isso, nada mais natural que uma nova relação com as transformações.

Aliás, aqui cabe um ponto muito interessante e pouco discutido.

Culpe DBZ pela nova escala de força e poder, e não DB Super. O que este último fez foi aprimorar o conceito apresentado pelo nosso antecessor.

Retomando a última luta de DBZ, lá no planeta dos Kaioshins, era Goku e Vegeta enfrentando o Boo.

Como falamos tanto de ciclos, novamente, nada mais natural que a dupla seja o nosso guia para esse novo universo.

Não somente somos apresentados ao Super Sayajin Deus e Super Sayajin Blue, DB Super apresenta algo a mais: a busca pela autoconhecimento e razão de ser, através do Instinto e Ego Superior.

Ouvimos diversas vezes sobre o Orgulho Sayajin, certo? Mas quantas vezes nos deparamos com Goku e Vegeta conhecendo a si próprios, reconhecendo seus comportamentos, aceitando a sua natureza, como meio de alçarem novos níveis.

Conhecer a si mesmo, aceitar a sua natureza e mudar se necessário são os meios a alçarem novos níveis.

Dessa vez, não se trata da força puramente física.

E quanto aos outros Guerreiros Z?

Sei que talvez você fique bravo porque o Super não tenha aproveitado o Yamcha como você queria. Mas sabe quem aproveitou? Dragon Ball.

O mesmo vale para os demais coadjuvantes, que em seus dias áureos fizeram as vezes de protagonistas.

Cada qual, em seu momento histórico, foi devidamente construído. E eles ainda estão lá, para serem revisitados e redescobertos.

Por aqui precisamos seguir pelas vastidões dos universos, guiados por Goku e Vegeta.

Dê uma chance a si mesmo

Dragon Ball (além do Z, GT e Super) significa bastante coisa pra mim.

Compartilho memórias das últimas páginas dos meus cadernos, e dos meus amigos, rabiscadas com desenhos do Goku, Vegeta, Trunks. Lembro que foi o primeiro mangá que comprei, e nem fazia ideia do que era, tanto que cheguei a colorir parte daquele volume.

Também não posso me esquecer do saudoso sábado animado, band kids ou na TV Globinho, onde acompanhei a jornada do Goku por esses três canais.

São emoções que me arrancam um sorriso sempre que busco em minha memória.

Seria um egoísmo enorme, da minha parte, se eu impedisse uma criança hoje de construir essas lembranças que um dia tive.

Além disso, Dragon Ball Super traz algo novo que a muito tempo não tive: a oportunidade de acompanhar os guerreiros z em uma nova jornada.

Se eu fosse você, também não perderia essa chance.

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