“Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” é uma aventura única feita para nos emocionar

Andressa Faria de Almeida
Revista Subjetiva
Published in
4 min readFeb 29, 2020

A Pixar (especialmente junto a Disney) vem se mostrando cada vez mais preparada para nos emergir em universos únicos, muito fora da nossa realidade e com o propósito único de nos passar mensagens fundamentalmente importantes, que nos acostumamos a ignorar no dia a dia por distintas razões.

Em “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” somos apresentados a um mundo cheio de variadas criaturas mágicas, capazes de voar, de cuspir fogo e de conjurar feitiços, que aos poucos foram perdendo esses talentos com o desenvolvimento e a adoção de uma série de inovações tecnológicas, que todos nós conhecemos muito bem!

Se por um lado a tecnologia oferece conforto e praticidade por outro tira desses cidadãos a sua essência, e os jovens irmãos Lightfoot resolvem ir atrás do que pode restar de magia no seu meio, com o objetivo de reaver por um dia algo que lhes é muito precioso e caro: a presença do pai!

Wilden faleceu em decorrência de uma grave doença quando o filho mais novo ainda não havia nascido, e esse quadro faz com que os dois garotos encarem a vida de jeitos muito diferentes. Enquanto o mais velho, Barley, é descontraído e exageradamente destemido o mais novo, Ian, é retraído e bastante ansioso, e as características manifestadas a partir das suas personalidades são claros sintomas da ausência sofrida de uma figura paterna.

Com a promessa de um possível reencontro com o pai (ou encontro, no caso do caçula) a partir do uso de mágica os irmãos se dispõem a encarar uma corrida contra o tempo cheia de imprevistos e de surpresas, que não perde em nenhum momento o equilíbrio entre o humor e a emoção.

Na verdade, se há um mérito que “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” tem de sobra é o de ser incrivelmente balanceado em suas premissas e propostas, nos conquistando até mesmo quando a ação está em pauta (o que não costuma ocorrer em todo longa animado, é necessário apontar), nos oferecendo sequências que são realmente angustiantes e que tomam nosso fôlego por alguns segundos!

Boa parte da graça da animação se concentra, aliás, no seu trabalho cuidadoso em nos apresentar uma cidade (New Mushroomton) que lembra muito a da maioria dos possíveis espectadores, mas que ainda assim é ao mesmo tempo totalmente díspare! Essas similaridades e variações são típicas do pioneiro estúdio, e aqui mais uma vez agregam leveza à obra, já que é impossível não se encantar por um dragão de estimação, se assustar com unicórnios que se portam como ratos, ou rir da forma que um centauro encontra para dirigir seu carro!

Agora, o ineditismo do filme está nos temas que por ele são abordados, de maneira quase sempre sutil, mas ainda assim extremamente potente e verdadeira. Isso é produto, claro, do trabalho tocante de Dan Scanlon na direção (que já afirmou que esse é o seu projeto mais pessoal), com o auxílio no roteiro de Jason Headley e Keith Bunin. O grupo constrói um texto redondo e claro, cheio de referências (apaixonados por RPG, por exemplo, vão se sentir bastante contemplados aqui, assim como fãs de obras como “Um Morto Muito Louco”) e rico em originalidade, no qual nenhuma farpa é disperdiçada!

Com personagens cativantes (o trio composto pela mãe dos irmãos, Laurel, pelo seu namorado e pela Mantícora é delicioso), trilha sonora envolvente e técnica espetacular “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” sabe muito bem onde quer nos levar, e o faz sem que sequer sejamos capazes de perceber o caminho que está sendo tomado, só despertando da aventura quando as lágrimas já não param mais de rolar dos nossos rostos! Esse é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores êxitos da parceria entre Disney e Pixar e você não deve deixar de assistir!

Nota: 10

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