Em Busca dos Segundos Perdidos!
Você tem pressa do quê mesmo?
Existem pessoas que só conseguem parar de correr quando caem de cara no chão… e desconfio que você seja uma dessas pessoas.
Você simplesmente não está satisfeito com a quantidade de areia que escorre pela ampulheta e vinte e quatro horas parece algo muito ultrapassado para ti, afinal, hoje você precisa de no mínimo trinta horas para “viver bem”.
Ah! Acredito que uma nova atualização no seu aplicativo de mensagens caiu como uma luva, não é mesmo? Parece que leram a sua mente (ou seus algoritmos).
Aliás, você sabe me dizer em que momento o ato de escutar alguém se tornou uma grande perda de tempo?
Você não tem tempo a perder, tudo precisa de um significado e nada é feito por acaso (ou melhor, de graça).
Não há espaço para a troca de ideias (a não ser que isso te retorne algo de imediato) e você acha absurda a ideia de alguém te enviar um áudio com mais de 2 minutos.
Seu tempo é muito preciso.
Lazer e descanso nem sequer são opções.
E essa possibilidade de acelerar o “papo furado” de alguém soa como música para os ouvidos.
Não importa se alguém teve um dia ruim ou sentiu a necessidade de compartilhar algo contigo… raramente você está disponível.
De certa forma, você sente aquela vontade de dizer: “Ei, resume esse áudio aqui, por favor?”, contudo, soaria muito “rude” da sua parte, então a possibilidade de acelerar algo “em off” é maravilhosa!
E como você se sentiria se alguém acelerasse um dos seus desabafos só para que ele terminasse logo?
Você junta forças para compartilhar algo que aconteceu no seu dia (seja algo bom ou ruim) e, de repente, alguém acelera tudo para que vocês possam seguir para o próximo assunto.
O problema não é o áudio de três, cinco ou dez minutos… o problema é a preguiça e o desleixo que temos com algumas relações.
É irônico como, em paralelo, todo mundo gosta de ser escutado com cuidado, atenção e paciência.
A conta não fecha.
Você está com tanta pressa, mas qual é o motivo? Parar por alguns minutos, de alguma forma, te afetará?
A superficialidade é uma benção, não é mesmo?
Nenhuma relação se sustenta com breves segundos.
Não sei se te disseram, mas escutar os seus amigos e pessoas próximas não é uma obrigação.
Você não “tem que” escutar ninguém, mas também não estranhe caso alguém não tenha tempo pra ti…
Ao acelerar ainda mais as coisas você perde fragmentos… algo se perde quando a velocidade vai a 1,5x e, o que deveria ser uma troca de ideias, acaba se tornando um “afazer”.
Vale mesmo a pena duplicar a velocidade de um áudio para ganhar uns minutos a mais? O que você faz com esse restinho de areia que desliza pelos seus dedos?
O controle, tal como o tempo, são meras ilusões… e até quando você ganha tempo, algo se perde.
Ao invés de ponderar sobre acelerar ou não um áudio, você deveria questionar: “O que estou disposto a perder?”.
