Eu Não Quero Estragar Tudo

Ou “Uma mente ansiosa que busca equilibrar tudo”.

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3 min readSep 30, 2021

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Hoje compreendo um pouco da sua dor.
Me recordei do seu conselho.

Alguns desconfortos só fazem sentindo quando eles correm pelas suas veias.

Sabe o que mais me irrita? Aquele breve momento onde sinto uma inquietação gigantesca que, por sua vez, desencadeia uma série de pensamentos desordenados dentro de mim.

O jogo vira e você nem tem tempo de perceber.

Esta pequena desordem momentânea é responsável por me deixar em alerta.

Aquele sinal amarelo que não para de piscar e que indica um perigo que muitas vezes não existe.

Algumas situações me fazem buscar por ameaças, desde as mais banais até as mais aterrorizantes.

Além disso, me sinto responsável por procurar formas de prevenir cada uma delas e evitar que elas se manifestem. Geralmente, só consigo discernir o teor de um determinado pensamento ansioso depois de um tempo.

Acredito que absorvo uma responsabilidade muito grande que não me pertence e, nesse momento, não vejo as coisas como elas realmente são.

Não há nada mais frustrante do que não aproveitar um momento por medo de que tudo dê errado.

O receio de que o trem do dia-a-dia descarrilhe na frente dos meus olhos me deixa totalmente perdido.

Cada vez mais me apoio na sua teoria de que o controle é uma gigantesca ilusão.

Tento me desapegar desses pensamentos, entretanto, toda vez que estou feliz, tenho a impressão de que sou o responsável quando este delicioso momento se desmancha na frente dos meus olhos.

“Eu poderia ter feito mais”.
“Eu poderia ter agido melhor em um dado momento”.
“Eu deveria ter previsto o erro”.
“Eu deveria ter me omitido naquele instante”.

E quando percebo, me vejo cercado por essas falsas responsabilidades e por uma insatisfação crônica que acelera os meus pensamentos junto com as batidas do meu coração.

Talvez isso aconteça porque eu sempre estrago tudo quando estou feliz!

Justamente no momento que eu deveria aproveitar a vida e relaxar, sinto que é quando estou mais propenso a cometer erros.

Basta que a felicidade me preencha e renove os ares para que eu cometa um erro e tropece.

Pode ser um comentário infeliz, uma decisão que talvez me afetará a longo prazo que não foi muito bem pensada ou mesmo uma atitude ensaiada que sairá do controle e custará caro.

Pode ser.
Talvez.
Controle.

Se o controle é uma ilusão, então andei me iludindo com força.

Eu gostaria muito de desligar isso e aproveitar 101% da felicidade do jeito que ela vier, seja algo muito bem pensado ou totalmente improvisado.

Pensar excessivamente na reverberação de cada ato me esgota por completo.

Me conforta saber que você também sente isso. Uma pequena luz (que não pisca incessantemente) se acendeu dentro de mim.

Eu deveria ter escutado quando você disse: “Não se importar é mais difícil do que se importar”.

Agora tudo faz sentido.

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Aqui eu escrevo sobre desconfortos, alegrias e sobre nós.