Feminista: “A novidade”

Mesa com Fernanda Young, Jéssica Ellen e Ana Rios, sob mediação de Ana Paula Lisboa

Revista Subjetiva
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5 min readSep 9, 2017

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Na Arena #SemFiltro, a mesa Feminista: “A novidade” contou com a presença de Fernanda Young, Jessica Ellen e Ana Rios, sob mediação da escritora e ativista Ana Paula Lisboa, a proposta da mesa foi debater sobre como as convidadas se descobriram feministas, as vertentes do movimento feminista e a força que ele ganhou com as redes sociais.

A primeira pergunta de Ana Paula Lisboa para as participantes foi “Por que esse nome? Quando vocês se descobriram feministas?”

Jéssica Ellen, que é atriz, conta que desde criança questionava os papéis de gênero e, como a maioria dos brasileiros, foi criada por sua mãe, que, mesmo não sabendo, sempre foi feminista, pois cuidou de quatro filhos sozinha. A atriz conta também que descobriu o feminismo através da Universidade, quando lhe foi apresentada à autoras feministas, como a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, escritora de várias obras, entre elas “Sejamos Todos Feministas” e “Para Educar Crianças Feministas — Um Manifesto”

Jéssica Ellen | Foto: arquivo pessoal.

Para a atriz e dramaturga Ana Rios, o que mais a influenciou foi ter tido sempre mulheres fortes em sua família, em especial, sua avó por ter participado dos movimentos feministas dos anos 60, lutando pelo direito das mulheres quanto ao trabalho, divórcio e outras pautas fundamentais. A primeira vez que se envolveu com os movimentos sociais foi no colégio, através dos grêmios estudantis, com o ideal que todo jovem tem de mudar o mundo, nesta época ainda não conhecia bem o feminismo, apenas achava que era algo que estava fora de moda. Mas, hoje em dia, o feminismo, volta a ser um termo que está na roda e que, segundo a atriz, “estamos no processo de buscar uma identidade”. Só após entrar na faculdade e começar a mergulhar no literatura feminista, se deu conta que sempre foi feminista, como na primeira vez que menstruou e pensou que “algo era biologicamente injusto”, cona a dramaturga.

A escritora e atriz Fernanda Young diz: “o fato é que eu acho que o feminismo é uma coisa que não deveria ser pensada hoje em dia”, que gostaria que não tivesse a necessidade do termo feminismo, pois ela queria ser livre dos termos, por isso não gostava de utilizá-los. Durante sua vida se viu muitas vezes querendo negar a nomenclatura, mas após muito observar decidiu: “mas é claro que sou feminista e isso me traz orgulho, tenho muito orgulho de defender as mulheres e também os homens”. Se referindo ao nome da mesa declara: “acho que não é uma novidade, acho que é um grande atrasado” e “acho sim que em pleno ano de 2017 isso deveria ser uma coisa antiga”.

Sobre as diferentes vertentes do feminismo, Ana Paula Lisboa pergunta “Como o feminismo se diferencia de outros feminismo de outros lugares. Pensar a interseccionalidade e suas tretas. Qual o feminino de vocês?”

Jessica Ellen diz que por ser negra, ela tenta sempre olhar pro lado das mulheres negras por uma questão óbvia, porque “as mulheres brancas em geral já chegaram em um espaço que a gente não”, afirma a atriz. O seu feminismo é olhar todas as mulheres que estão a sua volta e também “sempre tento usar o espaço que eu tenho de fala pra essa maioria ainda que é vista como minoria”.

Para Ana Rios esta é uma questão muito pertinente, porque “vivemos a crise da representação” e a mesma conta que sempre pensa em como poderá utilizar do seu “privilégio pra abrir espaços num sentido maior”, pois se precisa abrir espaços para quem não ter voz , que são as mulheres negra, trans e pobres. A atriz conta que precisa-se lembrar que o feminismo não é nunca uno, diz que como “não existe uma esquerda, não existe uma direita, não existe um feminismo”. Tudo isso é consequência do atraso do feminismo brasileiro, principalmente, na inserção da mulher negra nos espaços de discussão e ação das mulheres.

Ana Rios | Foto: arquivo pessoal.

Fernanda diz “eu não consigo pensar nessa intersecção a não ser em uma forma a não ser pelo amor, [que] é a intersecção em que todas nós podemos nos encontrar”. Reafirma que é necessário se concentrar naquilo que é necessário, “é tanto conflito que a gente perde o que importa”, “o meu feminismo ou qualquer coisa que eu diga que eu defendo — e são muitas coisas que eu defendo. A minha militância é o exercício do diálogo, do diálogo reflexivo, pensar, pensar, mudar de ideia, falar merda, ouvir merda e ter o diálogo”.

Sobre o feminismo e a escrita, Ana Paula Lisboa pergunta à Fernanda Young como a mesma lida com esta relação e Fernanda responde que ser mulher já é resistir e para ser “uma mulher artista tem que resistir muito, tem que se afirmar muito, diariamente”. “Eu sou feminista e a minha literatura deve ser o livro e eu não quero fazer minha literatura presa a nada”. Quando começou a escrever, afirma que sempre falavam que ela precisava escrever como um homem, pois eram os que “sabiam”, mas agora “como autora não me atenho mais a dizer que sei escrever como homem, isso não me interessa mais”.

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