A foto mostra o livro 'Garotas mortas', de Selva Almada, de capa roxa, segurado contra um céu azul e foi tirada por mim.

Garotas mortas: uma resenha por quem nunca escreveu uma resenha na vida | #LeiaComASubjetiva

Reflexões sobre o livro de Selva Almada para o desafio #LeiaComASubjetiva

Ligia Thomaz Vieira Leite
Revista Subjetiva
Published in
2 min readJan 23, 2019

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Ano novo, novas leituras, e eu finalmente resolvi tentar resenhar para a Subjetiva. Acontece que esta que vos escreve nunca rascunhou uma mísera resenha na vida, então perdoem o estilo esquisito e tentem focar no livro que, eu juro, é bom demais para não ser incluído como livro de janeiro por aqueles que resolveram aceitar o desafio da Subjetiva (#LeiaComASubjetiva). Ou só ser incluído na lista de leituras futuras mesmo. De qualquer forma, leiam 'Garotas Mortas'. Vocês não vão se arrepender.

O livro, publicado no Brasil ano passado, pela Todavia, já nos captura de cara, apresentando um poema de epígrafe por Susana Thénon que dá o tom das diversas narrativas que, nas 124 páginas subsequentes, nos serão apresentadas. Histórias de mulheres que se repetem e, por se repetirem, se confundem em uma narrativa tão comum no cotidiano brasileiro: a de feminicídio.

Pode parecer bobo, eu sei. Como se a onda das narrativas de feminismos tivesse chegado à Argentina e produzido mais um livro feito especificamente para o consumo de jovens que acabam de se engajar com o movimento. Mas 'Garotas Mortas' passa longe desse estereótipo, principalmente pela maestria de sua autora.

Selva Almada costura lindamente as histórias que conta, dando enfoque a três casos verídicos ocorridos na Argentina que seguem sem solução, sem deixar de lado sua subjetividade feminina ao narrar as minúcias de cada situação. Permite, ainda, que enredos semelhantes permeiem as três narrativas principais só o suficiente para que percebamos suas tantas similaridades.

Mas leia preparado, querido leitor. A autora consegue dar protagonismo, em todas as narrativas, às brutalidades particulares sofridas por cada uma das mulheres que têm suas histórias contadas no livro, sem escondê-las entre linguagens complicadas e reflexões pessoais, deixando essa tarefa para o leitor. É nocaute certo.

Talvez seja esta a sua missão: recolher os ossos das garotas, armá-las, dar-lhes voz e depois deixá-las correr livremente para onde tiverem que ir.

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Pra ler ouvindo: Mulher do Fim do Mundo — Elza Soares

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