Intercâmbios inifinitos

Novos ou velhos rostos, novas ou velhas ensinanças

Regiane Folter
Revista Subjetiva
3 min readApr 15, 2022

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Photo by sarandy westfall on Unsplash

Há algum tempo cruzei com um texto da Marina Pedrosa e fiquei viciadíssima nessa reflexão que ela trouxe:

“Com o pé na estrada, percorremos novas avenidas, nos encontrando e encontrando outros. Dos muitos que passam pelo nosso curso, alguns seguem, poucos ficam, outros vão e voltam. No fluxo do tempo, encontros naturalmente também se tornam despedidas. Quando caminhos se cruzam, pegamos carona no destino dos outros e com essa mesma fluidez, vem a certeza: pessoas vêm e vão, mas em vão, ninguém vem”.

A frase destacada grudou no meu cérebro! Tem um ar de sabedoria popular, mantra, frase de efeito, sei lá. O jogo dos sons e dos significados me parece simplesmente lindo e o tão real… Vocês não acham que é daquelas frases que dá gosto de falar em voz alta?

Algumas coisas que leio despertam em mim uma vontade de recitar, de compartilhar com os demais ou mesmo com uma sala vazia o ensinamento por detrás das palavras. Sou da opinião de que algumas frases precisam sair do papel (ou da tela) e ganhar o mundo dos sons! Ficam mais poderosas assim.

Então, pela milésima vez, eu começo a declamar: “pessoas vêm… — e penso em todes que já passaram por aqui — …e vão… — e em aqueles que não puderam ou não quiseram ficar — …mas em vão… — repriso sentimentos que tantas pessoas geraram em mim, emoções boas, ruins, neutras até — …ninguém vem” — e termino no ápice da reflexão, maravilhada com essa ideia de que todes que conheci tinham algo pra deixar ou pra levar. Pra aprender comigo e eu com ele, com ela.

Sempre que penso nesse assunto, faço um exercício de visualização: fecho os olhos e começo a imaginar rostos conhecidos. Ao lado de cada um deles, listo as possíveis razões pelas quais nos encontramos. Nisso posso ficar por horas… tantas pessoas, tantas lições!

Com alguém aprendi uma (das muitas) facetas do amor, com outra pessoa descobri o que era o perdão, com uma terceira me interiorizei no mundo difuso da culpa, e com um quarto percebi o que é o amor-próprio. Minha cabeça vai se enchendo de caras, nomes e os sentimentos que associo a cada uma delas. Vou registrando tudo que marcou nossa experiência compartilhada, coisas boas e más.

As boas, memórias doces, geram sorrisos e aquela sensação gostosinha de nostalgia. Sinto uma vontade danada de ir até a pessoa em questão e abraçá-la ou, ao menos nesses tempos de resguardo que estamos vivendo, mandar uma mensagem carinhosa. Pequenos agradecimentos pelas cores que só ela podia trazer pra minha vida.

As más, coisinhas doloridas, são mais difíceis de digerir. Eu sei que são úteis, são parte da vida. Graças a elas criamos resistência, aprendemos a nos proteger, a nos cuidar, a mudar de rota pra nunca mais voltar à angústia que causam. Mas algumas são tão ruins, tão intensas em sua meta de destruição, que só consigo agradecer por ter sobrevivido. E talvez seja justamente isso que elas vieram ensinar: que tenho força para superar e seguir em frente.

Ainda não terminei minha lista imaginária de pessoas e aprendizados afinal, é muita gente e muita lição! Devagar e sempre, volto a consultá-la e alimentá-la com novos ou velhos rostos, novas ou velhas ensinanças. Algumas já sei de cor e até poderia começar a propagá-las por aí, tal qual aluna que superou seus mestres. Outras, a grande maioria eu diria, ainda não consegui absorver ao 100%. Ainda bem que continuo abrindo novas conexões ou estreitando as existentes pra continuar aprendendo, crescendo, mudando.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

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