Lavo minhas mãos.

Danilo H.
Revista Subjetiva
Published in
3 min readApr 10, 2017

--

Lamento informar que devido aos recentes acontecimentos eu lavo as minhas mãos, isento-me de qualquer atitude que parta de mim em relação a nós dois… Ou melhor, entre mim e você, estou retirando esse pronome do meu vocabulário por tempo inexato.

Te mostrei um lado que reservo a poucos, porém, você o colocou em segundo/terceiro/quadragésimo/quinto enquanto se preocupava em alcançar alguém que não tinha o mínimo interesse em você… Que irônico, temos isso em comum.

Sinto em te desapontar, mas não sou sua carta na manga, seu alerta vermelho e muito menos sua válvula de escape, conheço muito bem esses jogos, tenho uma faro apurado para reincidências e você teria percebido se tivesse prestado atenção… Enfim, não se preocupe, não haverá outra oportunidade.

Com demasiado desprazer, te deixo saber que apaguei a supernova que batizei em seu nome e que havia colocado dentro de mim, há alguns segundos, ela estava em plena combustão enquanto eu trasladava ao seu redor, porém, eu forcei uma parada de emergência e abafei o brilho da sua estrela com as minhas mãos. Você morreu ali pra mim.

Precisamente agora estou recapitulando mentalmente as dezenas de conversas que tivemos e acabo de perceber que aturei por muito tempo suas futilidades e ideias vazias, ao menos, a minha cegueira temporária se esvaiu.

Ah, é claro, quase me esqueci… Do jeito que você anda com a cabeça nas nuvens e também por admirar incessantemente a si mesmo no espelho mais do que o normal, acredito que você perceberá o meu distanciamento tardiamente, então decreto nesse instante os abismos entre mim e você, não mais estaremos por ventura nos mesmos lugares, não nos veremos mais, você será incapaz de me achar nessa cidade cinza, me fui com a ventania como a fumaça de um grande incêndio, você é apenas uma composição de carne e ossos e não pode me seguir… No fundo, eu sempre soube.

Se por algum infortúnio o destino calhar de nos colocar em um mesmo ambiente eu já logo antecipo que você não conseguirá se aproximar, coloquei-te do lado de fora da minha muralha de gelo… Você só conheceu meus dias ensolarado, então acredito que você não reagirá bem às minhas quedas de temperatura.

Quando quero sou geada, sou nevasca, sou iceberg… Basta eu querer.

Demorei-me demais contigo e agora tenho que ir… Novas alvoradas nascerão, gotículas de chuva e rajadas de vento e vida me aguardam, agora você faz parte do que se foi, do que era e do que se desvaneceu, ainda restará algum vestígio seu aqui dentro, mas nada muito relevante, você sabe…

As pessoas colhem o que plantam.

Gostou? Clique no ❤ e deixe um comentário, ele é muito importante para nós!

Não deixe de nos seguir e curtir nas redes sociais: Twitter; Facebook; Instagram.

Não perca nenhum texto, assine a nossa Newsletter:

--

--

Danilo H.
Revista Subjetiva

Aqui eu escrevo sobre desconfortos, alegrias e sobre nós.