LUTE COMO UMA GAROTA: Shirley Chisholm

Conheça a história da primeira mulher a ingressar na política norte americana.

Mayra Chomski
Revista Subjetiva
6 min readMay 2, 2018

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Série inspirada no livro “Lute como uma garota: 60 feministas que mudaram o mundo”, de Laura Barcella e Fernanda Lopes, publicado pelo Grupo Editorial Pensamento.

Shirley Chisholm ( 1924–2005)

Shirley Anita St. Hill nasceu no dia 30 de novembro de 1924, no Brooklyn, em Nova York. A mais velha das quatro filhas de Charles St.Hill, um operário imigrante da Guiana e de Ruby Seale St.Hill, uma costureira vinda de Barbados. O Estados Unidos de sua infância e juventude era dominado pela discriminação racial, com a segregação racial que institucionalizava o racismo, proibindo homens e mulheres não-brancos — principalmente negros — a frequentarem instalações públicas e privadas, ter acesso a bons serviços como uma melhor moradia, cuidados médicos de qualidade, educação, emprego de maior remuneração e transporte.

Aos três anos é mandada pelos pais para morar com a avó em Barbados, onde recebe grande parte da sua educação primária no sistema educacional. Por ser uma antiga colônia britânica, o sistema enfatizava os tradicionais ensinamentos ingleses s de leitura, escrita e história.

Aos dez anos retorna a Nova York, frequenta escolas públicas com predominância de meninas brancas e consegue se sobressair. Em 1942 se forma na Brooklyn Girls’ High e ganha diversas bolsas de estudo para várias faculdades de renome, porém sem ter dinheiro para bancar a vida longe de casa, decide frequentar a Brooklyn College e morar com seus pais. Em 1952, na Columbia University, completa o mestrado.

“A imposição de esteriótipos emocionais, sexuais e psicológicos nas mulheres começa quando o médico diz: ‘É uma menina’.”

Na faculdade, Chisholm se tornou ativa em vários grupos e começa a desenvolver o interesse pela política, aprendendo como organizar e angariar fundos. Logo percebe que o papel da mulher na política local consistia ficar em segundo plano e nunca desempenhavam o mesmo papel que os homens. Em conjunto com a National Association for the Advancement of Colored People (NAACP) realiza trabalhos no campo e encontra uma maneira de expressar suas opiniões sobre a sociedade que necessitava rapidamente de mudanças.

Se forma com honras na Brooklyn College em 1946 e vai trabalhar como professora na educação infantil e, logo após, se torna diretora. Paralelamente continuava ativa politicamente agora no Partido Democrata e se torna a pessoa que desafiava os papéis tradicionais e brigava por igualdade pelas mulheres, negros e pobres. Se envolve com várias organizações como a League of Women Voters.

Trabalha como consultora educacional na “Divisão de Creches da Cidade de Nova York” de 1959 a 1964. Durante esse tempo, se junta ao Unity Democratic Club que trabalhava pela igualdade de direitos para os negros.

Foto: Reprodução (Google)

Já consolidada como educadora, resolve concorrer a Assembleia do Estado de Nova York em 1964 com o slogan “Shirley Chisholm — Unbought & Unbossed” (“Não Comprada e Sem Patrões” em tradução livre). É eleita para representar seu distrito do Brooklyn na Assembléia Legislativa de Nova York, e durante seu tempo na Assembléia Estadual, apresentou 50 projetos de lei, porém apenas oito deles passaram, são alguns deles: assistência aos estudantes pobres para o ensino superior; cobertura de seguro para trabalhadores particulares e domésticos; e ainda conseguiu reverteu uma lei que permitia demitir as professoras de Nova York durante o período de licença maternidade.

Seu mandato vai até 1968, quando decide concorrer ao Congresso Norte Americano e vence. No primeiro período de seu mandato é designada para o Departamento de Agricultura, mas querendo concentrar a atenção de seu mandato nas necessidades de seus eleitores, que não era o caso da agricultura, pede para ser transferida. Chisholm é transferida para o Comitê de Assuntos dos Veteranos e depois para o Comitê de Educação e Trabalho.

“Estou diante de vocês hoje, repudiando a ridícula noção de que o povo americano não vota em candidato que não seja branco, ou porque é mulher. Não acredito que em 1972, a grande maioria dos americanos continue com esse preconceito mesquinho e obtuso.”

A Guerra do Vietnã durou de 1955 a 1975 e enquanto esteve no Congresso (1969–1982) lutou contra as quantias enviadas para a guerra e prometeu que iria votar em oposição a qualquer proposta que direcionava as quantias para o conflito. Para Chisholm, o dinheiro enviado gasto na guerra deveria ter ido para os americanos em situação lastimável, sem comida, sem educação e moradias em péssimo estado.

“Não tenho intenção de ficar sentada em silêncio observando. Eu pretendo me concentrar nos problemas da nação (preconceito)”, disse a todos os políticos do Congresso.

Durante seu mandato de congressista, como mulher, defendeu fortemente o direito das mulheres, se posicionando a favor do direito a mulher sob seu corpo, defendendo o aborto; foi contra os papeis pré-designados às mulheres pela sociedade dentro e fora de casa, onde majoritariamente atuavam profissionalmente apenas como secretárias, professoras e bibliotecárias. E quando chegava ao assunto de raça com gênero, para ela, as mulheres negras sentiam-se impelidas a papéis estereotipados ou profissões convencionais, como empregadas domésticas e babás.

Foto: Reprodução (Google)

Em 1972, se torna candidata presidencial e a primeira mulher negra a concorrer ao mais alto cargo do país. Na primeira fase da campanha, dentro do partido, além de falar dos direitos civis, discursou sobre o sistema judicial norte americano, a brutalidade policial, a reforma nas prisões e a necessidade do controle de armas. Foi ameaçada e foi alvo de diversas tentativas de assassinato durante as primárias. Infelizmente não consegue a indicação do partido para seguir nas eleições, mas consegue 10% dos votos dentro do partido, conseguindo 152 delegados e ganhando as primárias em três estados.

Fonte: Reprodução (Google)

Durante seus 13 anos de Congresso, conseguiu assistir a representatividade negra e de mulheres crescer no espaço, com isso forma a chamada Congressional Black Caucus, uma organização formada por membros negros do Congresso. Em 1982 anuncia sua aposentadoria do Congresso e retoma a sua carreira de professora, mas nunca deixando de ser ativa na política.

Chisholm e o Senador Edward Kennedy, em março de 1980, Brownsville. | Fonte: Reprodução (Google)

De 1983 a 1987, foi nomeada para a cadeira de professor na Mt. Holyoke College, em Massachusetts, ensinando política. Neste período, ela também fez campanha para o candidato presidencial Jesse Jackson, foi professora visitante no Spelman College e co-fundou o “Congresso Político Nacional das Mulheres Negras”.

Em 1991 se mudou para a Flórida e, dois anos depois, foi nomeada para servir como embaixadora dos EUA na Jamaica, mas recusou a posição por causa de sua saúde debilitada. Shirley Chisholm falece em 1 de janeiro de 2005, em Ormond Beach, perto de Daytona Beach.

Shirley Chisholm será eternamente lembrada como pioneira na política por ser a primeira congressista negra representando o Estado de Nova York na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos por sete mandatos e ao se candidatar em 1972 para a presidência — tornando-se a primeira candidata negra a fazer isso. Ao longo de toda sua vida como política, educadora e escritora lutou por oportunidades de uma melhor educação para os mais ignorados pela sociedade e por justiça social.

“No fim das contas, ser anti-negro, anti-mulher e todas as formas de discriminação equivalem à mesma coisa: anti-humanismo.”

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