Mais e melhores, juntas

Ideias, desenhos e caraminholas

Regiane Folter
Revista Subjetiva

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Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e poucos anos são mais magras (e, por isso, melhores) que eu.

Mas aí me lembro de como me sinto a rainha da Inglaterra quando saio pra tomar chá com minhas amigas. Lembro de que sou saudável e de que a forma do meu corpo diz muito pouco sobre quem sou. Também lembro que tenho cachos legais.

Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e tantos anos são mais felizes que eu.

Mas logo me lembro de todos os sorrisos que dei nessa última semana, do último abraço que recebi e de algum episódio velho de Friends que preciso ver de novo.

Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e poucos anos são mais bem-sucedidas que eu.

Mas aí me lembro dos degraus que subi para chegar onde estou, da escalada árdua e única que é a minha história e releio uma velha mensagem que mamãe me deixou dizendo que sentia orgulho de mim.

Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e poucos anos são mais capazes que eu.

Mas logo me lembro daquilo em que sou boa, do que não sei e do que quero aprender. E começo a ler mais um livro.

Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e poucos anos são mais queridas que eu.

Mas aí olho pro lado e vejo TANTO amor daqueles que estão sempre, mesmo que não fisicamente. De repente, estou repleta dessa imensidão de carinho.

Às vezes acho que todas as outras garotas de 20 e tantos anos têm coisas mais legais que eu.

Mas aí me lembro que todas as boas histórias são sobre pessoas, não coisas, e decido abrir espaço no meu entorno para caber mais aventuras e menos objetos para guardar/limpar/cuidar.

Às vezes sinto que todas as outras garotas de 20 e tantos anos são mais que eu. Mais alegres, mais inteligentes, mais bonitas. Mais. Melhores. Quando esse tipo de pensamento surge, sei que é hora de olhar pra dentro, parar de me comparar e agradecer por tudo que tenho e sou. Até porque, devo isso a muitas garotas por aí.

Me fortaleço na certeza de que se nós, garotas de 20, 50, 10, 30, 70 e muitos anos mais ou menos, deixarmos de olhar umas para as outras como competência e sim como companheiras, vamos a triplicar nossa força para seguir. Cada uma com sua história, cada uma abraçando seu jeito do jeito que é. Não mais que ninguém, somente mais juntas.

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros