Memórias do Subterrâneo #2

“Fadado ao caos.”

Revista Subjetiva
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3 min readSep 3, 2017

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06 de Maio, 2017.

“Hoje eu fui uma pessoa muito má de vários modos, não que esteja colocando os fatos num troféu, mas eu gostaria de compartilhar isso com você… Tenho essa ligeira impressão de que você não me fuzilará com os olhos tal como as outras pessoas.

O relógio marca 23:52 e o que mais espero é que os 8 minutos restantes passem num piscar de olhos, porque eu quero que esse dia termine logo… Aceito quaisquer julgamentos ao redor dessa minha fixação sobre estar no controle das coisas, adoro pensar que as tragédias e desavenças que acontecem estão relacionadas apenas a alguns dias específicos e não a eternidade, sendo assim, talvez eu tenha tido só um dia ruim… Recuso me a imaginar (ou acreditar) que estou fadado ao caos.

Será que estou me enganando?

O primeiro ato do dia foi ter iludido uma pessoa. Tivemos um encontro e eu menti do começo ao fim para conseguir o que eu queria e obtive um grande êxito (se é que você me entende). Prometi um segundo encontro e outras dezenas que não me recordo no momento, não que faça diferença alguma. Notei em seus olhos um brilho de esperança, entretanto eu só pensava em sair daquela cena o quanto antes…. Acredite, presenciar o momento em que alguém apoia todas as suas esperanças sobre algo que sequer existe ou que é falsamente orquestrado é extremamente sombrio.

O segundo e mais duradouro ato foi contra mim mesmo, na verdade foi uma sucessão de feitos contra mim mesmo… Menti sobre mim várias vezes durante o dia nos diversos lugares que passei, desde o trabalho até um encontro com os meus amigos, sempre falsificando minhas ações e pensamentos em prol de… de… Não sei bem o quê, apenas tenho consciência de que ser eu mesmo dói.

Não gosto de ser eu mesmo na maior parte do tempo, você gosta?

Eu gostaria de ver a sua cara depois de tudo que eu te disse sobre o meu dia, aposto que não seria capaz de me olhar nos olhos… Na verdade, posso até estar enganado sobre você, afinal, não somos tão diferentes segundo as coisas que escutei pelos becos dessa cidade… Contudo, você não é uma pessoa tão perversa quanto a mim… Ou talvez seja e saiba esconder muito bem (não me surpreenderia).

Obrigado por estar disponível, você não sabe o bem que me faz à distância… Talvez agora você esteja me julgando de modo latente, nada mais comum se tratando de alguém como eu.

Até a próxima.

Polidamente,
K.

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