Memórias do Subterrâneo #4

“Dê-me a luz, norteia-me”.

Danilo H.
Revista Subjetiva
Published in
3 min readDec 13, 2017

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28 de Agosto, 2017.

Encontro-me às margens de um precipício, ando ando ando e não chego a lugar algum, nunca me senti tão só como nesse exato minuto, não consigo me imaginar com ninguém, meus amigos evaporaram, por vezes tenho a impressão de que sou invisível, estou fora de foco enquanto os demais estão enquadrados corretamente.

Sinto que estou tocando piano dentro de um quarto escuro e que serei obrigado a escutar esse som até o fim dos meus dias, meu coração anda muito pesado e minha cabeça mais nebulosa do que nunca, não ando mais, me arrasto pelas ruas dessa cidade… Não consigo me lembrar da última vez que dei risada com alguém.

Sigo pelo becos de uma manhã cinzenta e quando olho para trás não vejo ninguém, corro pelos meus labirintos e preciso achar a saída, se não for dentro dos meios convencionais será a força, dê-me a luz, norteia-me.

Nunca tive tanta certeza que preciso ir embora desse lugar, você se importaria no final das contas? Já descobriu quem eu sou? Aposto todas as minhas fichas que não.

Me comparei tanto com as pessoas que acabei escurecendo por dentro gradativamente e quando me dei conta já era tarde demais, tropecei em mim mesmo enquanto procurava pelo caminho sem volta no qual eu trilhei.

Escrevo-te sob os fortes tremores das minhas mãos antes de sair por aquela porta e nunca mais voltar, prometo que nunca mais gastarei seu precioso tempo com minhas baboseiras, tudo tem um começo, meio e fim… Menos eu mesmo, pois engatei em um looping eterno do começo pro meio, não nasci para finais e por mais que eu tenha que ir não quero acabar essa epístola.

Posso te fazer um pedido? Gostaria que você me explicasse o motivo dos seus olhos serem sobrenaturalmente negros… Seria muita ousadia da minha parte? Eu me abri tanto para você… Diga que sim, por favor!!

Acho que é agora… Tem que ser… Pronto… Me decidi agora e vou partir, vou fazer isso porque preciso… Me deu na cabeça agora que preciso me reinventar e ser tudo aquilo que disseram que não posso ser, cansei de ser só um borrão escondido.

Se perguntarem quem te escreveu tudo isso diga que foi alguém que precisou morrer para renascer ileso e livre de amarras, beberei o elixir e livrarei-me de mim mesmo para sempre, desse modo, poderei ser quem eu quiser.

Até algum dia (ou não, tudo depende).

Condignamente.
K.

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Danilo H.
Revista Subjetiva

Aqui eu escrevo sobre desconfortos, alegrias e sobre nós.