Meu futuro mal de Parkinson e a sua relação com um ex-quase-boy-CUZÃO-DO-CARALHO

Luiz de Souza
Revista Subjetiva
Published in
4 min readMay 12, 2017
Roubei essa ilustração maravilhosa do German Ra

Venho percebendo que viver de mal de Parkinson é uma provável opção para mim na velhice. Isso porque se a cada vez que eu começasse a tremer em situações complicadas eu ganhasse um real, provavelmente estaria ainda bem pobre hoje em dia. Mas com certeza seria um rico em ascensão, como vem dando pra perceber.

Muita gente lança o celular na parede ou destrói uma peça de vidro quando fica bem puto com uma situação tipo essa. Eu só tremo, mesmo. O ganho mensal não dá pra bancar chiliques de classe média alta. A propósito, tem gente que chora também, mas sempre considerei uma vitória não chorar por boy algum.

“Estou namorando. não quis te contar antes porque não queria acabar com o teu carnaval.”

Eu falei sobre tremer quando se está puto? Na verdade, eu me equivoquei. Só estava triste, mesmo. E bem decepcionado, afinal, eu havia ficado com outras pessoas, e talvez eu que estivesse na mesma situação agora. Talvez eu também tivesse me apaixonado por um dos lancinhos que apareceram pouco antes/durante o carnaval, certo?

ERRADO.

Foi o que eu pensei na hora, e embora eu estivesse me sentindo altamente maduro por não estar realmente puto com Rodrigo, meus amigos não se cansaram até me fazer perceber que eu estava errado. Nas duas situações.

Eu ainda sou imaturo e Rodrigo é um tremendo filho da puta, mesmo.

“ele é escroto”
“migo, ninguém começa a namorar do nada”
“em plena quarta de cinzas?”

Ignorei todas as frases acima e as versões similares também. A ficha só veio cair mesmo quando, uma semana depois, decidi conversar com o “mozão” quando acabei sonhando com ele (e logo depois percebendo que as coisas não estavam tão bem resolvidas em mim).

“o problema não foi você. o problema sou eu”

Foi o que recebi por ressuscitar a conversa com o ex-quase-boy. Soltei um BERRO enorme e super irônico quando assimilei as palavras na tela do celular. Um puta clichê super inesperado. Tem uns momentos que eu acho que minha vida é dirigida por um cineasta que trabalha com umas comédias românticas à nível “O Plano”.

Embora a minha REAÇÃO in real life tenha sido bem exaltada, acabei respondendo com um “ahsuahsua, não, para” que não representava um terço da minha vontade de dar na cara dele — não é fácil transmitir tanto ódio via WhatsApp.

“Óbvio que não sou eu. O problema obviamente é você, que estava se relacionando com 3 pessoas ao mesmo tempo, seu animal”, meu pensamento gritou. Quis mandar, mas não mandei. Isso porque eu não consegui conceber que alguém pudesse cuidar tão bem de tanta gente ao mesmo tempo, digo, ao menos de mim, ele cuidou muito bem.

O lance era: dizíamos um para o outro que estávamos buscando algo sério, as coisas continuavam “abertas”, mas a troca de mensagens carinhosas era frequente. Nesse meio tempo, Rodrigo acabou viajando para curtir um carnaval prolongado (e ainda assim, durante a viagem, não parou de falar que queria seguir em direção a “algo sério”). Basicamente isso: um relacionamento sincero, fechado e duradouro só esperando a putaria do carnaval acabar pra começar a acontecer. Acabou não funcionando desse jeito. Não comigo.

Sobre isso de amar muitos: hoje em dia eu já repenso sobre o assunto. Não é impossível namorar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Amar ou sentir tesão ou dois ao mesmo tempo… não precisa ser necessariamente exclusivo a uma pessoa, certo? Tem gente que faz isso de amar muitos e é sincero, né não?

Sei lá… Ainda não conclui a questão. Não acho que eu funcione assim, mas… a gente sente tanta coisa, certo? E cada um tem um jeito tão particular na sua forma de sentir… no fim das contas, o que me deixou puto em toda essa situ foram duas coisinhas:

  • O fato desse boy não dividir comigo certos sentimentos, levando em consideração que já faziam 3 meses que conversávamos — todos os dias. Ser franco não dói. Não muito, acredito eu.
  • A situação embaraçosa de ter mandado convite pro Instagram dele e pro Facebook, 15 dias após o pé na bunda, e até agora não obter resposta. Prometemos seguir como amigos (afinal, não se descarta pessoas assim. pelo menos eu não acho isso muito humano, não), embora eu não estivesse completamente bem, quis dar uma de superior. Ele não comprou e descartou meus convites. CUZÃO DO CARALHO!

Ah, importante dizer que aprendi que ser completamente transparente vai me poupar de algumas dores, é sempre bom deixar bem claro o que se quer (não foi só ele que errou, eu preciso admitir).

Ainda estou me recuperando e repensando sobre as possíveis formas de se relacionar afetiva e sexualmente, frequentemente. Tem sido um desafio. Poucas certezas na cabeça, agora. O exemplo dos meus avós não parece que vai servir de muita coisa nessa era líquida.

Mas, ao menos eu tenho uma certeza em todas essas reflexões — que não vem me deixando muito em paz, ultimamente. nas próximas desilusões permanecer não derramando uma gota de lágrima é a única opção. e sobre tremer real oficial: que seja pelo cara ~certo~.

Ou o menos errado, pelo menos.

PS: roubei aquela ilustração maravilhosa do German Ra | O trabalho dele é incrível! ❤

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Luiz de Souza
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Formado em Letras pela UFRPE. Alguém com licença poética pra escrever errado as coisas certas — do jeito certo. Atualizações twitter.com/agorasouluiz.