Meu vazio abstrato
me afogo
de tanto que nadei para dentro de mim
a superfície não me atrai
sentimentos atordoados
envoltos pelo ego
me envolvem
enquanto a mente queima
fazendo e desfazendo nós
de pensamentos
emaranhados entre si
linhas editoriais
que perpassam de arte a tragédia
ficção transmutada
em deslumbres de realidade
percorrem na veia
como droga sintética
anestésica
ele me dopa
com meditações carnais
atravessamos teias
contrariamos morcegos andantes
na noite fria
o mar nos chamava pra perto
preciso me voltar para o meu vazio abstrato
é onde me renovo
analiso
entendo
em um desespero acanhado
o que preciso fazer
para transcender
sombras camufladas
e trazê-las pra luz
me encontro
nas matas
estradas
moradas
caminho a distância necessária
pra ser quem sou
sem repressões
criadas na era
das libertações opressoras
vivendo na busca do propósito
parto pra qualquer lugar
que meus oceanos me carreguem
nos seus abraços ondulantes
para o seu colo misterioso