Misticismo e Heavy Metal: uma viagem pela Inglaterra ocultista com Bruce Dickinson

Diego Cataldo
Revista Subjetiva
Published in
3 min readSep 17, 2017
O Fantasma de uma Pulga (William Blake)

Bruce Dickinson teve o auge da sua carreira solo em 1998 quando, em mais uma parceria com Roy Z e Adrian Smith, lançou sua mais completa obra: o disco The Chemical Wedding. Totalmente inspirado na Alquimia e no Ocultismo, o disco é uma viagem pelos escritos do alquimista inglês Ezekiel Foxcroft, pelos trabalhos do pintor, místico e poeta William Blake e pela Ordem Mística Rosacruz criada por Christian Rosenkreutz.

Os poemas de Blake deram vida a canções como The Book Of Thel, inspirada no livro homônimo; Jerusalem, baseada em The New Jerusalem; e The Gates of Urizen, do livro Book Of Urizen. As pinturas do inglês também adornam o encarte do álbum. Na capa, Dickinson usou a imagem d’ O Fantasma de uma Pulga (The Ghost of a Flea), pintada por Blake em 1819. A parte de dentro do folheto contém pinturas que retratam a batalha entre o Bem e o Mal, o Apocalipse e a esperança em um mundo melhor. Todas as artes foram cedidas pela Tate Gallery, detentora dos direitos das obras de Blake.

Musicalmente Dickinson repetiu a fórmula do disco anterior, Accident Of Birth, porém com um pouco mais de peso. As guitarras extremamente pesadas de Roy e Smith somadas a interpretações brilhantes do vocalista nas 10 músicas do álbum deram o tom ideal para a obra. Naquela época, o Iron Maiden lançava o fraco Virtual XI e Bruce conseguiu afagar os fãs órfãos da Donzela com seu trabalho solo.

Tentando manter-se fiel às obras originas, Dickinson usou estrofes de diversos poemas de Blake em suas músicas, assim como a leitura de alguns trechos nos fins das mesmas. Em Jerusalem, por exemplo, o cantor reproduz fielmente o início do poema no começo da canção. O artista inglês Arthur Brown, do qual Dickinson é grande fã, deu voz aos poemas complementares em Jerusalem e The Book of Thel.

Estas canções citadas acima viraram verdadeiros hinos do Heavy Metal nos anos 1990. Enquanto a primeira nos remete à busca de Blake por uma nova Jerusalém, a segunda nos leva de forma alucinante a algumas reflexões de Thel. Killing Floor, que fala sobre os pecados capitais, e The Tower, que versa sobre o Tarot, também merecem uma atenção especial. Esta última virou hit e teve boa repercussão nas FMs especializadas aqui no Brasil.

A faixa-título foi inspirada no livro homônimo de Christian Rosenkreutz, “The Chymical Wedding”. Os escritos do monge alemão deram início a Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC), um grupo místico e filosófico que tem como objetivo ensinar aos seus membros sobre os mistérios do mundo e sobre si próprios. Rosenkreutz levou para a Europa no do século XIV o que aprendeu com grandes mestres do ocultismo em Damasco, Marrocos e Egito. Foxcroft foi o encarregado de disseminar pela Inglaterra os estudos de Christian.

A turnê mundial de divulgação do álbum passou pelo Brasil e rendeu um live chamado Scream For Me Brazil lançado em 1999, mesmo ano em que Bruce Dickinson retornou, junto com Adrian Smith, ao Iron Maiden. Em 2008, o cantor se aventurou no cinema como roteirista e lançou o filme Chemical Wedding que, ao contrário do disco, não caiu nas graças da crítica.

Para conhecer mais:
“The Chymical Wedding” — Cristian Rosenkretuz
“The New Jerusalem” — William Blake
“The Book of Thel” — William Blake
“The Book of Urizen” — William Blake

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