NÃO BASTA DIZER NÃO

Lucas Souza
Revista Subjetiva
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3 min readNov 27, 2020
Imagem: Evan Vucci — The Associated Press

Quando eu comecei a leitura de “Não basta dizer NÃO”, da autora Naomi Klein, esperava que fosse encontrar um livro que narra-se os bastidores do desgoverno de Donald Trump. Porém, ao final da leitura entendi que o intuito real da obra era promover uma reflexão mais profunda sobre a política e o papel ativo que a população deve ter em uma democracia.

Imagem: Lucas Souza

Klein está fazendo um convite para pensarmos formas de tentar melhorar o mundo para as próximas gerações. Mostrando que é preciso mais do que se indignar, é preciso fazer algo efetivo.

“O mundo do qual precisamos não vai ser conquistado se simplesmente substituirmos o atual ocupante do salão oval”. — Naomi Klein

Depois do resultado das eleições americanas de 2020, que deram a vitória para Joe Biden, fiquei com a sensação de que, muitas pessoas, estão acreditando que o simples fato de Trump não ser mais o presidente dos Estados Unidos vai acabar com todos os problemas. É óbvio que um sentimento de esperança tomou conta da maioria das pessoas, principalmente dos brasileiros, mas é preciso ver essa queda da extrema-direita como o começo e não o fim da jornada.

É preciso fazer uma profunda reflexão para entendermos como uma figura dessas chegou ao poder, para evitarmos que isso ocorra novamente.

O que levou Trump e Bolsonaro ao poder foi mais do que a situação econômica, os milionários ou as fake news. Sim, esses elementos também tiveram papel fundamental, mas o sistema em que vivemos contribuiu muito para eleger esses homens.

“Trump é o produto de sistemas poderosos de pensamento que classificam a vida humana com base na raça, religião, gênero, orientação sexual, aparência e capacidades físicas. Ele é a encarnação da crença de que o dinheiro e o poder nos autorizam a impor nossa vontade aos outros, quer esse direito seja expressado ao se apossar de mulheres ou ao se apossar de recursos de um planeta à beira de um aquecimento catastrófico”. — Naomi Klein

Porque parece que aqueles que pregam o ódio tem tanto poder ? simples, eles estão unidos. E para combatermos essa onda precisamos estar unidos também, para lutar pelo mundo que desejamos. Se queremos salvar a Amazônia, o Pantanal, acabarmos com a poluição, vivermos em uma sociedade mais justa e igual, temos que nos unir. Traçar metas, ouvir ideias e cobrar, porque a democracia é um exercício constante.

“Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem que ser acompanhado de um sim ousado e progressista, um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas lute para vê-lo realizado, não importam as táticas de choque e de intimidação que tenham de enfrentar.

O “NÃO” pode ser o que vai inicialmente levar milhões às ruas. Mas é o “SIM” que vai nos manter na luta.” — Naomi Klein

Por mais que nos últimos anos tenha crescido uma sensação de desesperança, que as coisas não tem mais jeito e que estamos condenados a um futuro distópico, as coisas ainda podem melhorar.

Eu sei que em um ano de pandemia e de inúmeras situações vividas no Brasil e no mundo, parece difícil acreditar em algo melhor, mas é necessário acreditar no futuro que queremos. E caminharmos em direção a esse mundo, mesmo que com passos lentos.

Nas palavras do jornalista e escritor Eduardo Galeano

"Ela está no horizonte... Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Eu avanço dez passos e o horizonte corre dez passos à frente. Por mais que eu caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Ela serve para isto: para caminharmos", As palavras andantes - 1995

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Lucas Souza
Revista Subjetiva

RJ, 22 anos, estudante de jornalismo. Nas horas vagas escrevo sobre filmes e séries