Não perca a chance de ter a síndrome do impostor

Ana Luisa Balbão
Revista Subjetiva
Published in
2 min readJan 15, 2020

Qual chamada te faz sair correndo: “ganhe essa chance” ou “não vai perder essa chance”? É simples: antes de querer ganhar, a gente não quer perder. A derrota é mais dolorida que qualquer prazer da vitória, porque as falhas nos marcam como um instinto que ensina com a dor. A mãe diz que o fogo queima, mas apenas após a criança colocar o dedo na chama vai compreender que realmente dói. É de se esperar que ela não faça novamente.

Apesar do erro guardar esse tom necessário e romantizado, aparentemente o ser humano tem mais medo do insucesso que o homem cis hetero de parecer gay.

Fico perplexa quando encontro pessoas que se acham boas demais em tudo que fazem. Não vou mentir, me acho muito boa sobretudo em me sentir incapaz. Prêmio na mão, microfone a frente, auditório lotado: “pois bem, acho que houve algum equívoco nessa premiação”. Sou uma adulta que não sabe ganhar, bem antes da síndrome do impostor ser modinha.

Vou te contar um segredo: até as pessoas mais seguras guardam dentro de si o medo da derrota. A verdade é que ninguém está aqui nessa vida querendo fracassar. Já o arrogante é apenas um inseguro mascarado que não tem vergonha de ser chato pra cacete. Vamos admitir que ser inseguro tem o seu charme.

Photo by Mash Babkova from Pexels

Existe um elo entre não saber lidar com os reveses da vida e ser um adulto que desiste de brincar porque perdeu. O adulto que não sabe perder se transforma naquele idiota que reduz a conquista do outro, já que o sucesso alheio significa sua derrota. O Instagram é martírio porque se o amigo está fazendo um safari e ele está sentado numa cadeira de escritório, isso é perder. Essa pessoa acredita ser infalível e não se responsabiliza pelos seus fracassos, pois nunca é o dono dos seus próprios desastres.

Tão essencial quanto aprender a perder, é desenvolver a capacidade de admitir que você também é o maior responsável pelas suas vitórias. Dá para ser orgulhoso de si sem ser esnobe. A síndrome do impostor ataca quem se vê refletido nas falhas e não se enxerga nas vitórias. Mesmo que o erro seja apenas um dentre vários triunfos.

Está tudo bem olhar pro outro com vontade de ser, o que você chama de inveja pode ser admiração ou inspiração. A vida, por mais que pareça, não é um pódio com um só vencedor. Tem espaço pra todo mundo. Está permitido ser esporte coletivo. Se juntar direitinho, todo mundo vence e economiza na terapia.

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