Ninguém manda no coração.
Mas quem disse que a cabeça é dona da razão?
Me peguei pensando sobre coisas que ainda sinto muito. Mais no sentido da quantidade do sentir, do que no sentido de lamentar. Coisas como a distância gigante que separa pessoas que eram grudadas, o tempo que -sem novas memórias- faz com que lembranças fiquem vagas, detalhes que já não fazem tanta diferença e palavras que, quando foram ditas não saíam da cabeça, mas agora mal se lembra o contexto.
Por que sentir tanto pelo que já foi?
Talvez, por muito se dizer sobre não ser possível mandar no coração. Afinal, ninguém escolhe o que sente.
Mas, às vezes, parece que tem quem interfira.
Sabe quando alguém faz seu coração bater tão forte e tão rápido, de forma incessante, como se fosse um pedido desesperado para poder entrar?
Você se abre.
Quer dizer, eu, pelo menos, costumava sempre atender à porta sem pestanejar ao ouvir tantas batidas aceleradas.
Até que alguém entrava. E dava às costas com a mesma velocidade que chegou, sem ao menos uma despedida decente.
Se eu já achava que não tinha opção sobre permitir a entrada, que dirá a saída. Não precisa de autorização. O caminho já foi aberto e o ir e vir é mais fácil. A culpa é toda de quem abriu a porta.
Mas, mesmo indo embora, não saí mais do coração. Nem da cabeça.
Ora, então por que se diz que a cabeça é dona da razão?
Eu escolho menos ainda o que penso. Falhei com sucesso em todos os exercícios do estilo mindfulness. Exercícios não, desafios, nos quais a única missão é não pensar em nada durante determinado /e curto/ espaço de tempo.
Mas, me diga, quem consegue controlar a cabeça a ponto de fazê-la esvaziar?
Sejamos francos: coração ou cabeça, nenhum tem a razão.