O Love Song do Sabotage

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
3 min readMar 26, 2021
Direitos de Imagem: Sabotage/Mano Brown/Onerpm

Então o Poeta do Canão sofreu por amor.

Love Song - A maior dor de um homem, me acertou em cheio.

Era mais um pouco de Sabotage, e mais um pouco de Sabotage nunca é demais.

Era também Mano Brown.

Eram os dois rappers se mostrando vulneráveis quando o assunto é amor.

O negócio já começa na capa e no clipe do single em vermelho. A cor do amor, da paixão, da luxúria. Intenso a ponto de atordoar. O coração bate forte e eles pedem para a guitarra gentilmente chorar.

Olha só a potência disso!

Sabotage com mil pensamentos na cabeça pelo término, tentando entender a dimensão do que tá rolando com si mesmo. Na mesma mão que ele diz “Percebe que o amor falso tem seu fim”, tenta negar o fato a culpando “Mas é você quem me provoca, baby (eu?)”. Note o “(eu?)” dela devolvendo como se dissesse “tem certeza do que tá falando”?

O negócio é ser sincero.

Entre as lágrimas derramadas “Não me deixe triste, não tire lágrimas de um homem”, Sabotage tem ciência que o lance é reconhecer seus defeitos “Pedir desculpas nunca foi meu forte, por ter orgulho eu vacilei” se permitir sentir e experimentar a mesma sensação que talvez tenha provocado a sua amada.

Que a sua redenção a traga de volta, o negócio é entregar aos céus e se manter firme na missão “Desistir de ti já não dá mais, se Deus quiser as coisas melhorar, Deus queira te ver logo”.

Logo depois temos o outro lado da moeda. Se com o Poeta do Canão, a gente vê o lamento pelo vacilo, sendo ele o responsável pela tristeza sentida, com Mano Brown vemos alguém que sentiu isso no peito.

Atordoado, sem conseguir entender direito o que diabos aconteceu. Ela partiu (e nunca mais voltou, não voltou não, uhhhh) e ele deveria sentir tudo, menos amor. Mas ele ainda a ama.

Te amando pelo avesso, eu sempre te quis mal, um amor absurdo, te odeio mais que tudo, agora eu agonizo e a guitarra gentilmente chora”.

O lance era brabo, intenso. Não sei explicar, mas Tupac veio na minha cabeça com Me and my girlfriend. Bone e Clyde. Na corrida, itinerante, dizendo “tudo que preciso nessa vida de pecados sou eu e minha namorada”.

Foi a pegada que não aconteceu. O que resta ao Mano Brown é amadurecer esse sentimento de amor e paixão. Deixar doer mesmo “Se fuder, tomar no cu, caralho, mó tiração, vai você e o seu mais novo amor longe de mim”.

Isso pra entender que, se não tivesse essa experiência, talvez não fosse o que é hoje “Eu era quase um zero e me tornei notório. Cresci, apareci, você me viu tão sério. Estúpido ateu, súdito seu, fã”.

É inexplicável e tentador entender o amor. Por isso é trovado por tantos poetas. Escrito por tantas canetas. Desenhado em tantos papéis. Cantado em tantos sons.

Quando o amor vem, malandro, acerta em cheio. Desculpa, não sei explicar direito. O que posso dizer é que o mundo passa a ser um pouco mais fácil quando se tem amor. Por isso a dor em sua perda.

Dor que nada mais é do que o preparo para o novo amor que está por vir.

Porque, mais importante que tudo, é saber que o amor vem. Sempre vem.

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