O malabarista
Ah, que peculiaridade é o malabarista!
Equilibrando com tanta destreza,
por entre lestos braços,
a aspereza do seu ser.
Ah, engenhoso, astuto
sempre lépido malabarista!
Tu, manhoso ladino,
que contrabalança suas emoções
para o público,
arrancando suspiros e ovações
num riso dissimulado.
Ri, fingido artista!
Arranca da plateia
palmas frenéticas
Gargalha num débil, convulso riso
para esconder o azedume da tua existência.
Engole a agrura do viver,
nivela teus malabares,
estufa o peito em um gesto de petulância
e namora o povo nesta tua graça absorta,
indiferente ao reconhecimento.
Pobre malabarista..!
Pobre artista!
De todos, o mais miserável
De tantos, o mais impostor.
Ah, patife alquimista da dor…
Texto inspirado no poema “Acrobata da dor”, de Cruz e Sousa.
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