O malabarista

marina
Revista Subjetiva
Published in
1 min readSep 16, 2017
Fonte: Pinterest

Ah, que peculiaridade é o malabarista!

Equilibrando com tanta destreza,

por entre lestos braços,

a aspereza do seu ser.

Ah, engenhoso, astuto

sempre lépido malabarista!

Tu, manhoso ladino,

que contrabalança suas emoções

para o público,

arrancando suspiros e ovações

num riso dissimulado.

Ri, fingido artista!

Arranca da plateia

palmas frenéticas

Gargalha num débil, convulso riso

para esconder o azedume da tua existência.

Engole a agrura do viver,

nivela teus malabares,

estufa o peito em um gesto de petulância

e namora o povo nesta tua graça absorta,

indiferente ao reconhecimento.

Pobre malabarista..!

Pobre artista!

De todos, o mais miserável

De tantos, o mais impostor.

Ah, patife alquimista da dor…

Texto inspirado no poema “Acrobata da dor”, de Cruz e Sousa.

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