O mistério de Mary Ventura e o Nono Reino

Texto de abril para o desafio literário #EscreverEscrevendo

Regiane Folter
Revista Subjetiva

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Ler é bom, mas você já leu algum livro que provocou a sensação deliciosa de que seu cérebro está explodindo com milhares de reflexões e questionamentos? Esse tipo de leitura é mais que boa, é incrível, maravilhosa, transformadora!

Me apaixono real por histórias que geram em mim esse sentimento mistura de confusão e inspiração, porque me fazem sentir que sou parte da trama e que cabe a mim imaginar possíveis explicações para as dúvidas que a leitura levantou. Os textos que causam esse efeito em mim se tornam meus preferidos porque parecem dizer mais do que as palavras escritas. Deixam espaço pra especulação.

Na minha experiência, podem aparecer em forma de novelas, contos, crônicas, poemas, etc, e possuem essa mesma característica de convidar a gente a imaginar e se perguntar

“Mas que raios a autora quis dizer com isso???”

O último livro que li e que causou essa revolução em mim foi “Mary Ventura e o Nono Reino”, uma história curtinha assinada pela rainha da escrita enigmátia, Sylvia Plath. Esse conto foi escrito pela autora quando tinha 20 anos (em 1952!) e durante muito tempo permaneceu guardadinho na gaveta. Há poucos anos o texto original foi finalmente publicado e a versão que eu li foi essa aqui editada pela Penguin Random House em espanhol e com umas ilustrações incríveis feitas por Monica Bonet:

A história se centra em uma viagem de trem vivida pela personagem principal, Mary. Começamos a leitura com a jovem na estação prestes a embarcar enquanto se despede dos pais, e logo acompanhamos Mary dentro do trem, onde faz amizade com uma mulher acostumada a fazer essa percurso.

A maior parte do conto se enfoca na interação entre as duas mulheres e as coisas curiosas que a jovem observa durante o trajeto: as mudanças na paisagem que aparece pela janela, as atitudes dos demais passsageiros, as comodidades dentro do trem e principalmente os comentários misteriosos de sua nova amiga. Cinquenta e tantas páginas depois chegamos a um final surpreendente que me fez ficar matutando por horas o que realmente havia acontecido com o trem e seus viajantes.

Qual será o significado oculto que a escritora quis transmitir com a história? Pergunto porque em nenhum momento terminamos de compreender aonde o trem se dirige, quem é Mary e porque está fazendo essa viagem, o que encontrará no destino final (chamado “nono reino” — mas que nome de estação é esse???), quem é a mulher que sabe tanto da viagem e muitas outras perguntas sem resposta. Os símbolos ocultos que Sylvia deixa ao longo do texto despertaram a Miss Marple que carrego dentro de mim e listei várias hipóteses sobre o que tinha lido, tentando responder esses questionamentos que ficaram em aberto.

Recomendo a leitura se estiver com vontade de entrar nesse caleidoscópio de certezas sem pé nem cabeça e dúvidas que nunca serão respondidas! E depois me conte o que achou, porque se tem uma coisa ainda mais gostosa do que ler um livro assim é trocar figurinha com outros leitores e embaralhar ainda mais as nossas mentes ;)

Esse texto é parte do desafio de escrita #EscreverEscrevendo que publiquei aqui na Revista Subjetiva em janeiro de 2021. Bora participar? Aqui está o desafio completinho: #EscreverEscrevendo: como criar quando está num deserto ou oásis de ideias?

Se você já tiver escrito o teu texto de abril, manda pra mim! 😄

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

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