O novo normal chegou?

Maria Elisa Nascimento
Revista Subjetiva
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2 min readAug 5, 2021

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Mario Tama/Getty Images

Após mais de um ano de isolamento social, as ruas são uma mistura de gente de máscara e às vezes até faceshield e pessoas com o rosto completamente a mostra. Bares lotados, trabalhadores tranquilos, carros indo e vindo pelas ruas de São Paulo. Enquanto caminho, ainda de PFF2, tentando prender a respiração quando passo muito perto de alguém, penso em como tudo parece maluco demais.

Não me sinto confortável de me flexibilizar, mas vejo pessoas que já estão mais calmas a meses, outras que estão começando a arriscar a ressocialização e ainda aquelas que nunca deixaram de viver o "antigo normal". Será que é esse o novo normal? Estamos mais acostumados com a tragédia, por isso decidimos seguir em frente, sem máscara, agarrados à esperança de uma vacinação em massa que evolui no ritmo lento de uma manivela enguiçada?

Dia desses, enquanto conversava com um amigo, falamos sobre os percalços pandêmicos vivendo numa sociedade capitalista. Tem gente que nunca parou de ir trabalhar presencialmente e pessoas que morreram de COVID, por precisarem se arriscar no trampo, pra não morrerem de fome.

Acho que fome mata muito mais que covid

Ele concluiu. Concordo. E ainda me aprofundo. Penso em todas as outras ramificações de tragédia que já existiam antes, e que não pararam com a pandemia. Penso na minha completa falta de reação quando vejo um mendigo na calçada. A cada esquina, pelo menos três corpos jogados pelas ruas. Eu vejo, mas não paro para olhar. Se eu fizer, vou ficar mal. Não dá para ajudar todo mundo…

De certa forma, mora nessa rotina uma tragédia normalizada.

Desse insight, meu estômago embrulha. Será que é isso o que estamos vendo se repetir? O novo normal chegou, e é composto por pessoas vendo sem querer enxergar? E quem não quiser fechar os olhos, como vai continuar vivendo?

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Maria Elisa Nascimento
Revista Subjetiva

Apaixonada por palavras desde o dia em que aprendeu a falar, ela é curiosa e questionadora sobre tudo. Mora na Selva de Pedra e trabalha com Audiovisual.