“O que aconteceu com os Negros Argentinos?” & “Coronavírus, Cloroquina e Genocídio Negro: divagações sobre uma política de branqueamento do povo brasileiro”
Nossa história de hoje começa com um texto que li há pouco. Mal traduzido do Espanhol para o Português e sem citar fontes, relata detalhes de uma coisa que já sabíamos mas da qual pouco falamos:
A Argentina exterminou sua população negra.
Precisei de mais alguns estudos para aprofundar a questão, cujos links se encontram no final do texto.
Vamos lá. A Argentina teve um processo de sequestro de pessoas africanas escravizadas idêntico ao de tantos outros países da América Latina: o próprio Tango, tão celebrado pelos hermanos nada mais é que apropriação de uma manifestação de dança tipicamente africana, os tangós.
E não tinha nada de branda na escravidão argentina. Pode parecer óbvio que a escravidão não era branda, mas há historiadores que chegarem a defender tal ideia.
Mas fato é que em dado momento da história (como em meados de 1780, por exemplo) o país tinha praticamente metade da população formada por negros, como acontecia em tantos países onde a força de trabalho dependia da escravidão.
Aí com o passar do tempo esse número foi caindo, caindo, caindo… e hoje se reduz a algo em torno de 5%.
O que aconteceu, por que os negros argentinos desapareceram?
Encontrei fontes falando sobre o projeto de eugenia dos governos e de como operaram o esquema de braqueamento da população ao longo de séculos:
- Mandando homens negros em guerras para batalhas em que não havia chances de vitória. Batalhões constituídos exclusivamente de negros enviados a batalhas nas Guerras da Independência e na Guerra do Paraguai, com precariedade de armamentos e instruções, prontos para o abate.
- Alocando famílias negras em áreas sem saneamento ou condições básicas de salubridade, mais propensas, portanto, a serem dizimadas por doenças contagiosas.
- Criando barreiras sociais e demarcando territórios, dificultando processos de convívio e, consequentemente, de miscigenação dos negros mais retintos.
Aqui, vale destacar o fato de que tercerón, zambo e mulato eram termos usados na Argentina para designar as variadas características de crianças resultantes da miscigenação. Um termo, entre tantos, se destaca:
Salto trás: quando a criança mulata ou tercerón era mais negra que os pais. Ora, num processo de eugenia de inspiração europeia, nascer com a pele escura ou traços mais negroides era, obviamente, um reprocesso.
A inspiração eugenista na Argentina era tão pungente que os próprios oficiais nazistas escolheram o solo argentino para se esconderem ao fim da Segunda Guerra.
Alguns foram descobertos mais tarde e ainda hoje especula-se quantos mais o teriam feito e vivido lá o resto de suas vidas sem pagar o preço pelas atrocidades do Holocausto.
E é aqui que o texto muda um pouco de direção e se volta para a realidade brasileira atual.
Eu combino isso tudo, esses fatos da História argentina, com alguns aspectos da nossa, brasileira. Como o fato de o governo atual brasileiro ser composto basicamente por políticos e militares que em mais de uma ocasião fizerem menções a conceitos, teorias e inspirações nazistas/eugenistas.
O próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, almeja o branqueamento da raça dentro de sua própria família, orgulhoso do neto que, em relação a ele, ostenta traços mais europeus.
Deixar a família (ou comunidade, ou nação) supostamente mais “bonita”, ou melhor, pelo simples fato de torná-la mais branca, tem um nome: Eugenia.
Nesse cenário, eu me pergunto:
Hoje, qual seria o paraíso prometido para um nazista em fuga? O Brasil, parece a resposta correta.
Nessa mesma panela, de eugenia e branqueamento de nações, e de pandemias como forma de reduzir determinadas populações, acontece algo novo, mas nem tão novo assim:
Surge o Novo Coronavírus, ressuscitam a Cloroquina e, uma coisa leva a outra: hoje temos milhões de comprimidos de Cloroquina estocados. Eles foram supostamente produzidos e também doados para o combate à Covid-19, embora sua eficácia não tenha sido comprovada.
Pergunto: Agora, para onde vão esses comprimidos de eficácia duvidosa? E eu mesmo respondo: pras bocas negras e periféricas.
Você sabe qual é o perfil da pessoa que morre hoje de Covid no Brasil, né?
Mas, para quem quer o Brasil branquinho branquinho, morrermos de Covid-19 não basta. Temos que morrer também tratando inadequadamente a Covid.
É nas periferias, majoritariamente negras, que esse lixo (não testado e não usado em lugar nenhum do mundo em larga escala) vai ser desovado.
Somos os mais presos, os assassinados em abordagens policiais, somos os mais propensos a ser mortos por surtos e pandemias e agora corremos o risco de sermos exterminados também através do uso de medicamentos condenados em todo mundo.
É por isso que ser negro é,
aqui no Brasil ou na Argentina,
em 1700 ou hoje,
um ato de resistência.
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Texto de referência:
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