O racismo imaginário

Tem consequências muito mais reais do que a gente pensa.

Nick Nagari
Revista Subjetiva
2 min readJul 26, 2017

--

Se eu te falasse “uma amiga minha vai vir encontrar comigo hoje”, quais as chances de você imaginar uma mulher negra?

Se você começa a ler um livro e o autor não mencionar a fisionomia da protagonista, quais as chances de você imaginar uma mulher negra?

Se um amigo seu começa a te contar a história de uma mulher com quem ele saiu, quais as chances de você imaginar uma mulher negra?

Uma das partes mais cruéis do padrão é fingir que a gente não existe. O “normal” é gente branca, quando é negro a gente tem que mencionar. Eles são “o comum”, a gente é “o recorte”.

Um desenho da Hermione, personagem do Harry Potter, que causou “polêmica” ao ser retratada como negra no filme.

E isso acontece porque só tem gente branca em todo lugar. Liga a TV, gente branca; abre a revista, gente branca; vai no cinema, gente branca… E aí, mesmo negros sendo a maior parte do Brasil (estatisticamente falando), acaba-se criando as pessoas pra acharem que todo mundo é branco e, mais ainda, acharem que é normal não ver muitos rostos de etnias diferentes em nenhuma plataforma da mídia.

Também podemos aplicar exatamente essa mesma coisa pra pessoas gordas, trans, com deficiência e não-brancas em geral. É como se nós, não-brancos, gordos, trans e PcDs, existíssemos, mas em segundo plano.

Isso me lembra a lógica de ter que contar que você é LGBT pra as pessoas. Elas se chocam quando ficam sabendo que alguém não é hétero e/ou não é cis — é como se falassem “todo mundo é o cis hétero até que se prove o contrário”. Quando, na real, simplesmente não deviam deduzir que alguém é pertencente a alguma classe, muito menos se for antes de conhecer a pessoa.

Percebe como é bizarro você assumir que a pessoa é branca, magra, sem deficiência, cis e hétero antes mesmo de saber qualquer coisa sobre ela?

Gostou desse texto? Clique no ❤ e deixe seu comentário!

Caso queira maior privacidade, nos mande um e-mail para rsubjetiva@gmail.com ou nos deixe uma mensagem no Sarahah (as respostas estarão no stories do nosso Instagram).

Não deixe de nos seguir nas redes sociais: Facebook| Twitter |YouTube.

Ouça o nosso podcast oficial com seus autores favoritos do Medium!

Entre no nosso grupo fechado para autores e leitores.

--

--

Nick Nagari
Revista Subjetiva

não-binário • ele/dele | crio conteúdo em instagram.com/nicknagari | falo sobre bissexualidade, transgeneridade, negritude e mt mais ✨ | idealizo o Quem Bindera