Opinião não é conhecimento
Esse assunto é mais velho que o nascimento de Jesus Cristo. Remonta aos gregos. Mas até hoje não aprendemos
Diversos filósofos já se dedicaram, mas a sensação é que o tema nunca se esgota. Se atualiza, assim como as possibilidades tecnológicas de transmitir mensagens entre os humanos.
Há um fenômeno em curso — me arrisco a dizer no mundo, mas fico no meu reduto brasileiro de fala — o qual toma opinião por conhecimento.
Por consequência, esvazia o espaço da pesquisa científica e deturpa o lugar da moral.
Explico. Enquanto a construção de conhecimento necessita de análise exaustiva, racional, contextual, complexa de um determinado assunto, a opinião é apenas um julgamento movido por visões limitadas e moduladas por sentimentos internos.
Você falando sobre cloroquina no comentário de uma notícia no Facebook é opinião.
Cientistas das áreas de saúde estudando anos em laboratórios, no mestrado, no doutorado, publicando artigos, experienciando vivências é a tentativa de produção de conhecimento.
Veja. Digo tentativa porque quanto mais se aprofunda em algo, mais se compreende a necessidade eterna de estudar e a incapacidade humana de saberes completos.
Conhecimento pressupõe trajetória, processo. Opinião é vazia e não se sustenta. É Castelo de Cartas. Não tenho a pretensão de tirar seu direito à opinião, ao contrário! Mas equalizá-lo de forma crítica.
Observe a si mesmo nesse momento que vivemos com a internet. Reveja se você adere a algo por gostar de quem fala ou pior: pela conveniência de não pensar ou ouvir o que gostaria de ouvir, para não quebrar aí dentro suas ilusões de verdade.
O tempo agora nos convida ao discernimento das coisas, à humildade de compreender o nosso tamanho ínfimo diante do desconhecido, de esmagar egos.
Será que precisamos nos posicionar sempre? Será que é preciso temer o “não sei, não tenho base para dizer…”? Depois me conta.