Os heróis nasceram para as crianças e não pra nós, adultos

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
3 min readFeb 5, 2021
Direito de Imagem: Warner/DC

Se tem uma verdade incontestável no cinema é: os filmes da Marvel são bons e os da DC, ruins. Batman v Superman, Liga da Justiça e Esquadrão Suicida estão aí pra provar o nosso ponto. São filmes tão ruins que fazem qualquer filme médio da DC pareça bom. Como é o caso do Aquaman, Mulher Maravilha e Shazam.

Coloca a mão no peito, feche os olhos e vamos aceitar aquele esforcinho a mais pra acreditar que esses três últimos filmes são tão bons quanto o terceiro filme do Homem de Ferro.

O que a DC fez para ter esse primoroso reconhecimento no cinema? A resposta é bem mais simples do que parece.

Querer levar a sério demais um herói que voa com a cueca por cima das calças. O mais incrível disso é ela emulou um pouco de nós, adultos.

A DC quer fazer um filme de herói que não seja herói porque sabemos que herói é coisa de criança e nós somos adultos indo para o cinema para assistir um filme de herói, mas com histórias sérias, porque sabemos que herói é coisa de criança e somos adultos.

Os filmes da DC somos nós com vergonha de admitir que ligamos e damos muita importância (na grande maioria das vezes, exageradas) para coisas destinadas ao público infantil/infanto-juvenil.

Pode espernear, selecionar vários filmes de heróis com temáticas adultas, tipo V de Vingança e Watchmen, mas não podemos negar o óbvio: os heróis nasceram para as crianças e não pra nós, adultos.

Agora vem a parte mais dolorida. Até peço desculpas, mas lá vai:

Os filmes da Marvel não foram feitos para você.

Sim, eu sei que acompanhou durante dez anos a saga do Homem de Ferro até o confronto final contra o Thanos. Aquela cena foi pensada para a molecada.

Pegamos sempre no pé da Marvel com a sua “fórmula Marvel”. Roteiro idêntico, vilões com os mesmos poderes que o mocinho, filme engraçadinho. Mas quer saber? Não tem como levar a sério quando temos um herói chamado Homem Formiga. Ou Aranha. Ou uma árvore falante.

Aí que mora o maior mérito da Marvel. Nunca pensou em deixar seus filmes “mais sérios de acordo com o crescimento do seu público”. Sabe porque?

Porque a Marvel sacou que herói é coisa de criança.

Quando nos recusamos a entender isso, temos um Superman que não ri, um Batman que marca os bandidos para que morram na cadeia, uma Mulher Maravilha séria. Todos cercados em um ambiente cinza e pessimista.

No meio dessa negação, nos perdemos na tentativa de trazer esses heróis de infância para uma vida adulta. E não, ela não é cinza, triste e pessimista. Tem bem mais responsabilidades, mas não desse jeito.

Se me permitem, darei um conselho (de graça hein?) de como a DC pode mudar sua marca no cinema: não faça filmes de heróis pensando nos adultos que vão consumir esses filmes.

Porque, quando os adultos implicam demais com tudo que é voltado para crianças, bem, nunca sai coisa boa de lá.

A lá o Superman adultão na imagem, sem dar um único sorriso sequer. Divertido pra caramba hein? Ele veste cueca por cima da calça. Não tem como levar a sério. E nem precisa. Esse sempre foi o ponto.

Caso contrário, seremos tão chatos quanto esse Superman tentando parecer sério e adulto.

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