Os Incríveis falam sobre os nossos poderes durante a vida

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
4 min readFeb 4, 2020
Direitos de imagem: Pixar

Os Incríveis foi uma animação produzida pela Pixar lá em 2004, e conta a história da pacata família Pêra, uma família heroica que vive uma vida comum e pacata devido ao governo ter banido a atuação dos heróis.

O motivo de tal banimento se dá quando Olivério Tosco processa o Sr. Incrível por salvá-lo, alegando ter sido “impedido de cometer suicídio”. A partir desse processo, uma onda de civis passa a questionar os salvamentos dos super-heróis, processando-os de tudo quanto é forma. Assim, o governo não vê outra saída que não seja banir de vez o “super-heroísmo”.

Preservando o ímpeto dos tempos áureos, Roberto Pêra, o Sr. Incrível, age pelas sombras, praticando seu heroísmo semanal. Tudo muda quando ele recebe um misterioso convite para derrotar uma aparente ameaça que visa dominar o mundo.

O resto é história e bem sabemos que essa é uma animação com a temática heroica muito melhor do que vários filmes de super-heróis que temos nos dias de hoje. Mas esse é um papo para outra hora. A ideia é focarmos na sutileza da relação dos poderes com cada integrante da família Pêra.

Começando com o mais teimoso, Roberto Pêra. Dotado de super força e resistência, o Sr. Incrível parece carregar um peso nas costas, com seu andar curvado, com o misto de impotência em não ter mais aqueles dias de ouro e a frustração em ver seus filhos proibidos de explorarem os poderes.

Dessa maneira, temos o papel do protetor. Aquele que precisa de uma força e resistência sobre-humana, durão e teimoso o suficiente para aguentar o dia a dia de um trabalho pesado e maçante, tentando prover o melhor que possa oferecer ao seu alcance para a esposa e filhos.

Por falar em esposa, partimos para a Helena Pêra, a Mulher Elástico, dotada da incrível capacidade de elasticidade. Helena é esposa, mãe e o pilar emocional da família, ora compreendendo as dores do marido, sempre incentivando a seguir em frente, ora educando seus filhos, lhe conscientizando das responsabilidades de serem quem são, ainda mais no mundo em que vivem.

A elasticidade não poderia ter sido mais representativo. Temos uma mulher que tem que se dobar, esticar, alcançar a tudo e a todos, independente do momento e lugar. É alcançar a todos em sua profundidade e trazer para si, sempre se mantendo fixa e firma, como um pilar.

Chegamos a primogênita da família, Violeta Pêra, e seu poder de invisibilidade e reprodução de barreiras de proteção em torno de si. Ela está na adolescência e representa a todos nós que passamos por essa fase. Encolhidos, inseguros, buscando uma identidade. Incompreendidos pelos olhares mais velhos. Distantes dos olhares mais novos. Com a vontade de ficar somente na sua. Quem sabe criando um campo de força ou ficando invisível, não é mesmo?

Já com o nosso Flecha, Roberto Jr. Pêra, temos a super velocidade típica da nossa pré-adolescência. Hiperativos, arteiros, impulsivos, impacientes, ansiosos, doidos, ambiciosos para aproveitar cada segundo do dia da maneira mais intensa, cheios de energia e açúcar para gastar. Ávidos por fazer milhões de coisas ao mesmo tempo, sempre acreditando que não dá tempo de fazer nada, então que corremos para queimar toda a energia possível.

Zezé, o Zezé, é o bebê da família. Caçula ainda nas fraldas e possuidor do poder mais sutil e significativo de todos: a descoberta. Seus poderes aleatórios está para o seu fascínio por cada descoberta nesse mundão todo. É como se ele respondesse a cada impulso da natureza. A constante troca de poderes, como se não tivesse nenhum específico, nos diz algo mais. Cada teletransporte, rajadas pelos olhos, autocombustão e até se transformar em uma espécie de dragão, nos mostra uma nova descoberta desse mundão que muda constantemente aos seus olhos.

Com tanta história boa, com um pano de fundo levemente inspirado na maior obra de quadrinhos de todos os tempos, na leveza em que nos apresenta diversos temas e na sutileza em mostrar a dinâmica da família e em como eles encarem seus próprios desafios representados pelos poderes adquiridos, faz com que Os Incríveis seja um rico material super heroico.

Enfrentamos vilões que são derrotados quando agimos em equipe, como uma família unida em seus momentos mais difíceis, despertando a melhor versão de nós mesmos.

Os Incríveis nos diz como o heroísmo pode ser retratado.

E antes que eu me esqueça, como é maravilhoso a dublagem a adaptações das animações!

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