Os mil episódios de One Piece

Rafael Moreno
Revista Subjetiva
Published in
4 min readJan 5, 2022
Direitos de imagem: Eiichiro Oda/Toei Animation

Pensei em uma definição para iniciar esse texto e não me vem uma melhor do que aquela dita por um amigo.

One Piece é um anime foda que não indico para ninguém.

Calma, ele não está tão errado assim. Uma das características mais discutidas da obra (se não a maior) é a sua longevidade.

Mil episódios não é algo que a gente vê todos os dias, com animes a rodo. E “piora”, viu? Porque a sensação é que teremos mais uns (tranquilamente) duzentos episódios para acompanhar.

Muita coisa acontecendo, tantos pontos abordados que me deparei com uma simples pergunta: afinal de contas, do que se trata One Piece?

Para responder essa questão, peço que cliquem no nome do Load e olhem esse vídeo, ele sintetiza essa resposta em um minuto. Aliás, aqui vai mais um adendo. Não acompanhar o trabalho do Load é um erro gigantesco que você não pode cometer.

Voltando para a questão dos trocentos episódios, ninguém é maluco de produzir mil episódios (e contando) se o conteúdo de cada um deles não fossem bom.

Tem alguma coisa aí. Tem que ter alguma coisa aí, porque não é possível. Um tempero secreto. O toque especial da Srta. June em “Eu a Patroa e as Crianças” na famosa torta de pêssego da Jay, e que faz toda a diferença.

Tortas de pêssegos temos ao monte. Mas uma com aquele toque especial, é bem rara de se ver.

O exercício que tento fazer é compreender como passei de “puts, topo encarar esse desafio de alcançar o anime” para “sou praticamente do bando dos Chapéu de Palha”.

Vem comigo.

One Piece estreou em 20 de outubro de 1999. Quando a gente começa a refletir e entender um pouco sobre essa data de estreia, parece coisa de doido, absurdo mesmo. Imagina que uma criança, no auge dos seus doze anos, ligou a tevê no dia 20 de outubro de 1999 e viu um pirralho comendo uma fruta que fazia ele esticar como uma borracha.

Agora imagina que essa mesma criança ainda acompanha a jornada desse pirata. Fazendo uma continhas, aquela criança tem 34 anos e não faz ideia do que pode rolar em Wano (arco que está acontecendo desde 2018!).

Aquela frase da jornada ser mais importante que o final chega a explodir na mente. Piora quando o Oda confirma que o tesouro de One Piece é algo concreto, ele existe e tá bem próximo de (finamente!?) ser descoberto.

Isso porque ele sabe (e nós também), que quando o Luffy se tornar o Rei dos Piratas (e ele vai), após descobrir o que seria o One Piece (e ele irá), e saborear da liberdade que ele tanto preza (e ele saboreia), a pergunta que vem a seguir seria:

E agora, o que vem depois?

Bem, o que vem depois…talvez não importe muito para o Oda.

Não importa ao ponto de eu desconfiar que o anime talvez se encerre naquela festa arrebatadora que só os piratas conseguem fazer, aos brindes de kanpai! com o Brook cantando aquela para a Laboon (tô viajando muito? Se pá).

Até porque, para chegarmos no “o que vem depois?”, é preciso explorar algo que o Luffy e seu bando respira: a liberdade em desbravar esse mundão do jeito que lhe der na telha.

E isso o Oda faz sem pressa (jura?).

A cada nova ilha atracada, basicamente um novo mundo se põe aos nossos olhos com seus habitantes, culturas, tradições e costume. Conhecemos a sua história e em como tudo que topamos na ilha é decorrente de um processo histórico relacionado a cada habitante. Conhecer o ontem para compreender o hoje e mudar o amanhã.

Quando menos percebemos, sob a liderança e carisma do Luffy, nos envolvemos com todos de lá e erguemos nossas armas, ao lado deles, contra toda tirania que se ergueu.

Aí entra o tempero mágico na torta de pêssego da família Kyle.

Em sua essência, One Piece é uma história pirata bem simples. Basicamente “encontrar o tesouro enterrado em uma ilha”. O negócio é o que acontece entre esses momentos.

Para isso, Oda nos guia a bordo do Sunny e acompanhado do bando dos Chapéus de Palha, explorando “os sete mares” para, enfim, acharmos o nosso tesouro.

Dali tiramos experiências únicas. Cada um com sua ilha preferida, aquela que mais se afeiçoou. Das lembranças que te abrem o sorriso ou te faz chorar.

A possibilidade de conhecer esse mundão e respirarmos a liberdade que somente o mar pode prover nos torna mais do que espectadores.

Até porque, logo após acharmos o One Piece, durante aquela festança, depois de um brinde e das gargalhadas, ficarei muito curioso em saber quais foram as suas memórias durante essa jornada.

One Piece é um mundão grande demais. Desafiador. Que num primeiro momento assusta pelo seu tamanho. Como tudo que é novo em nossa vida e em nosso mundo

Porém, somos maiores ainda por explorá-lo.

Te trombo assim que nos perguntarmos:

E agora, o que vem depois?

--

--