Da esquerda para a direita: Marie, Francis e Nicolas completando “o triângulo”.

Os Nossos Amores Imaginários.

Sobre um filme que mudou minha vida.

Danilo H.
Revista Subjetiva
Published in
5 min readMay 5, 2017

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É inacreditável como uma obra cinematográfica pode transformar as nossas vidas, não me refiro a uma mudança que abale tudo ao nosso redor, mas sim aquele tipo que nos faz olhar o mundo de uma forma diferente quando os créditos começam a subir e percebemos que aquela história era tudo que você precisava… Foi exatamente desse modo que me senti com Amores Imaginários, do diretor canadense Xavier Dolan.

O título em si já revela grande parte do enredo principal, porém é durante o desenrolar da trama que a ideia principal da trama vai se solidificando, afinal, de quem é a culpa? Aliás, existe alguém culpado?

“Culpa do quê?” você deve estar se perguntado… Bem, eu prontamente te respondo com uma outra pergunta:

É sua culpa gostar de alguém que não gosta de você?

Eu particularmente diria que não, mas essa é uma pergunta muito pessoal e é o principal questionamento do filme… Quantas pessoas já passaram pela nossa vida e sequer se deram ao trabalho de permanecer?

O núcleo principal é composto por Marie e Francis, melhores amigos que se encontram em uma grande empasse quando se deparam com Nicolas, o rapaz que se mudou para a cidade recentemente e está inserido no círculo de amizade deles.

A partir daí eles se tornam inseparáveis e começam a frequentar todos os lugares juntos, uma vez que Nicolas é, supostamente, capaz de agradar ambos da mesma forma, desse modo, a sua orientação sexual tão indefinida e fluída os aproxima cada vez mais.

Então Marie e Francis se interessam instantaneamente pelo rapaz e começam a fazer tudo em prol dele, cada uma a sua maneira e com suas peculiaridades, uma espécie de triângulo amoroso onde Nicolas é (e sempre será) o ponto principal.

Em paralelo, a vida dos apaixonados é apresentada e conseguimos compreender um pouco mais sobre a visão de ambos, afinal, Nicolas se torna parte deles a todo momento e isso afeta os relacionamentos íntimos de cada um, Marie não se sente satisfeita sexualmente com seus parceiros e Francis procura nos outros o amor que Nicolas não proporciona, ou melhor, nem faz ideia de que pode proporcionar.

Contudo, ao passo que eles se deixam levar pelos gestos, olhares e pequenas situações que Nicolas cria com cada um individualmente, a amizade deles se torna cada vez mais frágil… A disputa por atenção cresce acada vez mais.

Nicolas opta por não se posicionar frente as declarações e aos presentes que recebe de seus “pretendentes”, ele sempre encara tudo de modo ingenuo e age com a maior naturalidade possível, mas sem deixar de instigá-los e de deixar ideias no ar, ele é o único ponto mais instável do triângulo e os demais são sólidos.

Como lidar com essa situação? Como lidar com alguém que te da indícios, se mostra interessado, mas nunca toma uma iniciativa ou te dispensa? O talvez é sempre será pior resposta para tudo, pois ele é interminável, indissociável e inestimável. O talvez é tudo e nada, sim e não, aceito e rejeito, esperança e desengano.

A trilha sonora do filme é praticamente composta por músicas que se encaixam nas situações da trama, o que cria por conseguinte uma atmosfera onde tudo parece estar conectado. Uma das cenas mais importantes icônicas se passa na festa de aniversário de Nicolas, onde todo o desejo dos “amantes” ganha mais força:

Eu não estava realmente procurando por mais do que uma companhia na pista de dança
Ele sabe o que eu faço?
Você passará isso adiante, não passará?

Se eu perguntar a ele uma vez, o que ele dirá?
Estará ele querendo?
Ele é capaz de jogar?

Esse filme chegou na minha vida bem em uma hora em que eu estava gostando muito de uma pessoa que tinha muitas faces, porém tive o azar de conhecer a pior delas. Gostar de alguém é algo complicado, e quando você passa a sentir algo diferente a situação se enrola ainda mais, até porque me pego pensando se o sentimento é reciproco desde o começo, mas às vezes não é.

Amores Imaginários se tornou um mantra para mim, toda vez que estou prestes a sentir algo fora do comum com alguém, me lembro de várias cenas do filme e as traduzo para a minha realidade… De todo modo, não podemos amar todo mundo e nem sempre receberemos exatamente aquilo que desejamos de alguém.

Obviamente não revelarei o final do filme (porque sou bem desses), mas sugiro que você o assista integralmente e tire suas próprias conclusões, pois como eu disse acima a trama é bem complexa e ao final cada um tem uma visão diferente… Cá entre nós, a cena final é incrível, além de ser divertidamente real…

O que é ilusão e o que é real? Talvez nunca teremos a capacidade de discernir tudo isso, mas ocasionalmente (ou nem tanto assim), esbarraremos com esses tipos de rapazes ou moças que mexem conosco mais do que deveriam.

Le temps est bon, le ciel est bleu…

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Danilo H.
Revista Subjetiva

Aqui eu escrevo sobre desconfortos, alegrias e sobre nós.