Outras formas de amor são possíveis

Carolina Bataier
Revista Subjetiva
Published in
3 min readJul 5, 2018
Reprodução (Google)

No show, a cantora Luedji Luna explicou a história da música Banho de Folhas. Quando canta “foi/ em uma quarta-feira/sai pra te procurar/andei a cidade inteira”, ela estava em busca de um pai de santo para um jogo de búzios. Queria saber sobre carreira, dinheiro, futuro.

“Todo mundo pensa que eu estou falando de um amor”, brincou. Sim. Meus amigos concordaram. Todo mundo jurava que o eu-lírico da música saía pelas ruas de Salvador em busca de um amor perdido.

A gente sempre acha que é sobre amor romântico. Tipo All Star, do Nando Reis. Uma declaração de amor à amiga Cássia Eller. Dia desses, o Nando respondeu a um rapaz sobre a cor do All Star da Cássia e eu pensei no tanto de carinho por trás dessa letra.

Quando soubemos da morte de Anthony Bourdain, mais uma vez falamos sobre suicídio nas redes sociais e um recado me chamou atenção. No Twitter, alguém postou: “cuide daquele seu amigo forte”. O Anthony não dava sinais de tristeza ou desespero. Às vezes, é assim que acontece.

Horas antes do Dia dos Namorados, um amigo me mandou mensagem. Pediu desculpas pela ausência e terminou com “Obrigado por não desistir de mim”. Ele vem se recuperando de uma depressão.

Então, no dia 12, quando as fotos de casais enchiam os murais, eu pensava:

como tenho cuidado dos meus amigos?

Lembro da primeira vez em que desejei ter um namorado. Eu devia ter 11 anos e possivelmente tirei essa ideia dos filmes de princesas da Disney. E de tudo que observava ao redor: comerciais de margarina, fotos de revista, perguntas sobre “namoradinhos”.

Tudo nos diz que a única possibilidade afetiva da vida adulta é o amor romântico e nós acabamos dedicando uma energia imensa a isso. Às vezes, tamanha, que o essencial passa batido. Algumas pessoas vão casar, assinar contratos, ter filhos mas outras, talvez, passem a vida dividindo momentos com amigos. É uma possibilidade que deveríamos considerar com seriedade. Com dedicação e carinho, também.

Não é difícil, nas engrenagens da rotina, perder a cabeça. As contas chegam, a geladeira queima, a avó adoece. No meio disso tudo, a gente vai se acomodando com as possibilidades óbvias de felicidade e esquecendo que podemos sempre criar novos caminhos. Ou, como diz Manoel de Barros, “Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras. Liberdade caça jeito”. Amor também.

Talvez alguns de nós não vivamos um amor arrebatador da forma como dizem os filmes. Mas, se prestarmos atenção, vamos descobrir muitos amores ao redor. Talvez, alguns deles estejam precisando de atenção agora. Como você tem cuidado dos seus amigos?

A Luedji por fim encontrou o babalorixá e saiu da consulta sem nenhuma respostas. Por que não há. A única certeza é isso que já nos cerca: as relações que fazem o dia a dia mais leve. É isso que de fato importa. É disso que devemos cuidar. Talvez o amor das nossas vidas use all star azul.

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