“Outros Jeitos de Usar a Boca”: sensibilidade, poesia e força

Rupi Kaur ensina também outras formas de usar a dor.

Natali Carvalho
Revista Subjetiva
Published in
3 min readMar 7, 2018

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Fonte: Blog Era Uma Vez Uma Menina. Disponível em <http://murysdiary.blogspot.com.br/2017/07/resenha-outros-jeitos-de-usar-boca-rupi.html>

Esse não é um livro de poesias qualquer, desses que a gente pega aleatoriamente em estantes de livrarias e lê qualquer poema. Não é um livro com poesias distantes, que falam de coisas em palavras difíceis que a gente não entende meia dúzia de palavras. Esse é um livro de dor, em que dói ao ler, em que dói ouvir, em que dói pois fala de machucados vividos ao menos uma vez na vida por qualquer um.

O livro de Rupi Kaur é dividido em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura. Tendo como título original “Milk and Honey”, o livro foi lançado originalmente de maneira independente por Rupi, se tornando um dos maiores fenômenos de poesia dos Estados Unidos na última década, ficando durante quarenta semanas no topo da lista de best-sellers, com mais de um milhão de exemplares vendidos.

Assim que abrimos o livro damos de cara com uma das citações mais sensíveis e sinceras da escritora “meu coração me acordou chorando ontem à noite o que posso fazer eu supliquei meu coração disse escreva o livro”, e não importa em qual parte do livro iremos abrir, sempre será um misto de lágrimas e conforto. A cada linha escrita e acompanhada pelos desenhos de Rupi Kaur, nós nos sentiremos convidados a continuar, a cada verso sentiremos em nosso coração uma dorzinha, enquanto nossos olhos estarão em lágrimas, mas será como se um peso fosse tomado de nossos ombros.

A poesia de Rupi Kaur é libertadora. A cada novo poema você pensa “eu queria ter escrito isso”, e é essa a receita secreta de Rupi, que nasceu na Índia mas desde pequena mora no Canadá. As palavras dela são de dor acompanhadas de um abraço, pois ela fala sobre as dores que ninguém diz, mas todos sentem.

Deixo com vocês um dos meus poemas — entre tantos — preferidos nessa obra. “Outros Jeitos de Usar a Boca” ensina que a dor pode fazer coisas belas, como esse livro.

“pai. você sempre liga sem ter nada especial a dizer. você pergunta o que estou fazendo ou onde estou e se o silêncio entre nós se estende por uma vida dou um jeito de encontrar perguntas que façam a conversa continuar. o que eu queria mesmo dizer é. eu sei que o mundo te despedaçou. foi com tudo pra cima de você. não te culpo por não saber ser delicado comigo. às vezes fico acordada pensando em todos os machucados que você tem e nunca vai dizer. eu venho do mesmo sangue dolorido. do mesmo osso tão sedento por atenção que desabo em mim mesma. eu sou sua filha. eu sei que a conversa-fiada é o único jeito que você conhece de dizer que me ama. porque é o único jeito que eu conheço.”

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